► Quando você percebeu que gostava de química?
Difícil dizer “quando” percebi. Sempre me veio como uma coisa natural. Sempre tive muita facilidade com lógica e matemática e todas as ciências “exatas” (embora não tão exatas assim), então quando Química e Física surgiram no currículo escolar, elas surgiram como coisas naturais, já gostava delas digamos.
Agora, se você quer saber como eu fui parar na Química, é uma história curiosa. Eu tive sempre aptidão natural pras exatas, então todos os meus professores de exatas gostavam muito de mim e me diziam que eu podia fazer qualquer coisa que eu quisesse – inclusive um deles disse que eu tinha capacidade de passar no vestibular do ITA de cara (fiquei com vontade de tentar só pra ver

:P ). Meu professor de Química me convidou pra participar das Olimpíadas de Química do Ensino Médio do RS. Quando descobri todas as escolas que estavam lá, e o TANTO de gente, eu pensei ‘nunca que vou me sair bem’. No dia da premiação, todas as pessoas que vão receber menção honrosa ou medalhas são convidadas. Eu era a única do meu colégio. Chegando lá, tinha MUITA gente de colégio militar e de colégios renomados particulares, eu estava certa que só receberia menção honrosa. Eles chamam muitas pessoas para as menções, e de repente quando anunciam que estão começando as medalhas (os 10 primeiros do estado), eu quase tenho um treco de antecipação. Acho que desde esse dia a Química e esse meu professor tem um lugar muito especial no meu coração.

<3
Mas ainda tem mais (sim, vai virar um livro, desculpe falar demais, me empolgo): Quando estava me formando no Ensino Médio, minha família estava num momento sensível, meus pais tinham se separado judicialmente, e meu pai tinha decidido mudar de cidade, e convidou minha mãe pra tentar de novo. Ela concordou, então eu estava com muitas coisas instáveis na vida: minha família, minha escola, minha casa, minha cidade; e acabei não me inscrevendo pra vestibular nenhum – um desperdício na opinião de todas as pessoas que me conheciam como ‘a garota inteligente’. Me mudei para Florianópolis, e a UFSC (Federal de Santa Catarina) abriu o ÚNICO vestibular de inverno da história da Universidade. Na época eu não sabia o que queria fazer, pensava em alguma engenharia mas não tinha ideia de qual. Eram pouquíssimos cursos oferecidos, e a única engenharia não ficava em Florianópolis. Em Floripa, tinha Biblioteconomia, Educação do Campo, Ciências Rurais, Fonoaudiologia e, claro, Química. Decidi fazer para Química só para ver como era o vestibular e como eu ia me sair sem estudar. Quando recebi o email que tinha passado, eu deletei sem nem conferir “coitadas das pessoas, superansiosas pra saber o resultado do vestibular e alguém fica mandando vírus”. No outro dia recebem um telegrama da universidade na minha casa (eu nem sabia que telegrama ainda existia!), do tipo ‘venha fazer sua matricula, pessoa que deixou pra ultima hora!’ Eu estava trabalhando, me ligam no meio do trabalho que eu tinha recebido um telegrama e precisava ir pra casa ver. Quando chego em casa ninguém se aguentava – embora eles não tivessem aberto o telegrama, ele vem com os dois lados sem fechar, então fizeram um cone com o papel pra ler o que tava dentro, e todo mundo já sabia menos eu. Fiz a matricula pensando em aproveitar as cadeiras e trocar de curso no vestibular seguinte. Mas encontrei pessoas apaixonadas pelo que faziam, e um mundo incrível dentro da Química, e resolvi ficar no fim do semestre. Hoje estou aqui fazendo Doutorado em Físico-Química.
(Link pra vc, se ainda não viu:
https://www.youtube.com/watch?v=f8FAJXPBdOg )
► Polêmica da semana: aipim, mandioca ou macaxeira?
Aipim.
(é pra comentar mais?) Eu comia muito feijão com farinha de mandioca, mas demorei muito a descobrir o que era uma mandioca... (E não, mandioquinha não se chama aipimzinho).
► Personagem favorito de Naruto sem ser a família Nara?
A Temari conta como Nara, né? Então, o Gaara.
► Qual seu casal preferido de Naruto depois de ShikaTema?
Então, eu não tenho um outro casal em Naruto além de Shikatema. Hahahaha Sério, pra mim ShikaTema éo único que teve uma conexão mesmo, não tem outro nem perto. Mas aceito quase qualquer c asal que criarem.
Eu tenho um carinho por NaruHina, por conta do inicio do mangá, mas não gosto como o casal foi desenvolvido, e não diria que é um casal preferido. No começo do mangá a gente já previa algumas coisas – como por exemplo, o Naruto vai virar Hokage, e ele e Sasuke serão amigos. Eu achava que se não tivesse NaruHina, não faria muito sentido a lição de moral que o mangá queria passar. Isso porque, lá no inicio, o Naruto é meio bobão e inútil (convenhamos), e mesmo assim a Hinata admirava ele – e aparentemente parecia ser a única. É claro que ela admirava ele porque ela queria ser como ele – mesmo com todos os fracassos, ele não desistia, enquanto ela se sentia fraca e inútil e se deixava ‘minimizar’pelo que os outros falavam. Eu tenho um carinho pela Hinata porque me identifico bastante com essa parte de ser ‘colocada para baixo’. Mas então, quando ela começa a dizer que ela também vai seguir o ‘caminho ninja’ do Naruto e nunca desistir, me passou essa sensação de que o Naruto ia virar Hokage pela persistência, e que não faria sentido a Hinata não alcançar o que quer pela persistência também, ou então o mangá daria uma moral de cueca. Tudo bem que a Hinata poderia ao longo do mangá ter adquirido um outro objetivo e ter alcançado ele. E também acho que é uma coisa legal para o Naruto, estar com alguém que acreditava nele quando ninguém mais o fazia. Mas como eu disse, não acho que foi um casal desenvolvido, e não vejo como um casal preferido.
► O que você mais procura quando vai ler uma fic ShikaTema?
Boa escrita.
O ruim é que boa escrita pra mim envolve muitas coisas. Primeiro, escrever coisas decentemente. Você não precisa ser um expert em português e escrever como Camões ou Machado de Assis, mas detesto histórias que são escritas em “internetês”, coisas muito repetitivas e/ou que pareçam simplesmente um roteiro de teatro. Acho que tem que ter um mínimo de esforço pra escrever uma coisa que a leitura seja fluida. Depois, acho importante mostrar a personalidade dos personagens coerentemente. O ideal é ser fiel a personalidade original dos personagens (mas aqui entra um problema de interpretação, acho que depende um pouco como as pessoas interpretam a personalidade), mas no caso de não ser fiel, como é muito comum especialmente em UAs, é importante mostrar uma personalidade coerente, mostrar a evolução do personagem, ou como ele chegou até ali, porque ele está diferente, mas no minimo ser coerente. Não só com personalidades, mas com tudo – ser coerente. Não consigo suportar a ideia de imaginar a Temari diplomata e agredindo o Shikamaru por ter interpretado errado que ele disse com respeito a dormir na casa dele, por exemplo – isso pra mim é totalmente incoerente.
Quanto a gostos, gosto muito de momentos cotidianos – acho lindo poder imaginar meus personagens favoritos em momentos do dia-a-dia (percebeu alguma ligação com ‘Em Família’ aqui?)
► Além de Naruto, quais outros animes vc acompanha?
Bem, vamos começar com uma verdade ‘cruel’: eu não acompanhei/acompanho o anime de Naruto. Eu li todo o mangá, mas nem sequer conheço as aberturas do anime. E como Naruto, também não acompanhei outros animes, em geral. Em anime mesmo, acompanhei só Avatar: The Last Airbender e um pedaço de Fullmetal Alchemist. Agora em mangá, acompanhei Fullmetal Alchemist todo (chorei, sofri com esse mangá horrores, e é um dos meus favoritos), Bleach, Death Note, Sakura Card Captors etc... Atualmente não acompanho nada, nem as minhas aulas direito.
► qual é o seu maior sonho?
Acho que essa é uma das perguntas mais difíceis – eu não tenho algo assim que eu chame realmente de sonho, sei lá. Mas acho que o mais perto disso é: eu tenho muita vontade de um dia poder viajar e conhecer o mundo.
E falar muitos idiomas. O que me leva a...
► quantos idiomas você fala/entende?
Dois. Português e inglês. Ao menos oficialmente. Me pergunto de onde tiraste essa pergunta hahahaha
Mas eu também leio e escrevo ‘naturalmente’ espanhol, e ouço e entendo bem se falarem num ritmo razoável (o suficiente para separar uma palavra da outra, oqueéumacoisaquequemfalaespanholnativamkentepareceterdificuldade). Eu entendo o suficiente de italiano também, ouvindo ou lendo – meu bisavô era italiano, e meu avô fala, mas eu nunca aprendi a falar, e não sei escrever. E recentemente comecei a assistir um desenho em francês, então estou aprendendo algumas coisas – mas longe de entender.
► qual é sua melhor memória da infância?
Outra pergunta difícil. É mais fácil te dizer qual foi a primeira que me veio na cabeça: uma vez saímos eu e meus irmãos, na época com 8-11 anos de idade, e fomos no mercado (por algum motivo estávamos todos usando a mesma cor). Tinhamos mais ou menos todos a mesma altura, e alguém nos pergunta se éramos quadrigêmeos – meu irmão responde ‘não, os outros três ficaram em casa’.
► O que mais gosta em ShikaTema como casal e como individuos separados? (sim, vou repetir essa pergunta pra todo mundo pq amo as respostas HUAHUHAU')
Primeiro um comentário sobre o seu comentário: amiga, tem problema nenhum repetir, eu repeti TODAS as perguntas hahahaha – e exatamente pelo mesmo motivo.
Como casal, a coisa que eu mais gosto é o respeito e o companheirismo. Acho que a demonstração disso é sutil no mangá, mas nítida, e eu adoro coisas assim. Acho que eles começam a se admirar lá no inicio, quando eles lutam um com o outro, e já conseguem respeito mutuo. Depois, quando ela salva ele e vão pro hospital, ela faz a pergunta do treinamento emocional, e acho que ali fica claro como ela começa a admirar a capacidade dele de se importar com os outros, e ele a dela de tomar decisões difíceis. E acho que é nítido ao longo do desenvolver da relação como eles se veem como iguais, com respeito mutuo, como reconhecem um ao outro e se respeitam, criando um laço de confiança e parceria apesar da distancia e das diferenças iniciais. Como eles mudam alguns pensamentos devido ao olhar pela visão do outro.
Como indivíduos, eu gosto muito do Shikamaru pela humildade e pela inteligência e e aparente desinteresse. Apesar de ser inteligente, ele não se considera acima dos outros, e acho isso fantástico – apesar de que acho que qualquer pessoa ‘inteligente’que se ache melhor que os outros não é inteligente de verdade. Quanto a inteligência, bem, eu adoro pessoas inteligentes, sério, me conquistam, então só por isso ele já me conquistou. Agora, esse aparente desinteresse dele me conquista ainda mais, por motivos muito internos. Bem, eu sempre fui considerada a ‘garota inteligente’, e embora muita gente diz que gostaria de ser essa pessoa, na real é uma bosta. As pessoas sempre esperam mais de você (o que não é necessariamente ruim), e nunca te elogiam pelas suas conquistas (isso é ruim) , como se elas já fossem esperadas, vc não fez mais do que a obrigação, mas as suas falhas são muito valorizadas – mesmo aquelas que não sejam graves. Então você está numa constante pressão de ser perfeito, e isso te destrói por dentro, porque ninguém é perfeito. Então, ver o Shikamaru assim, sabendo ser inteligente, reconhecendo suas qualidades e suas fraquezas, e não precisando provar nada para ninguém, meio que me mostrou que eu não preciso ‘provar’ nada também. Claro, mais fácil falar do que fazer, mas é algo que me fez admirar ele.
Na Temari, me admira muito a integridade dela, a força interna, e de novo essa coisa de não precisar se provar. Ela tem uma responsabilidade interna com a justiça, com o certo e o errado. Acho que no inicio ela discute a traição, mas aceita a ordem que recebeu. Tenho a sensação que isso é uma coisa que mudou minimamente com a interação dela com o Shikamaru no hospital – ela aceitou a ordem apesar de discordar, porque ninjas cumprem missões e missões exigem sacrifícios, mas ver ele se importando mais com os colegas (sentido moral) do que com o resultado da missão, fez ela, digamos, lutar mais ativamente pelo que acreditava, ao invés de só aceitar ordens. E essa responsabilidade dela com o certo e o justo parece ter levado ela a esse trabalho diplomático. A força interna é essa capacidade dela de estar preparada para exigir sacrifícios, para ver seus irmãos lutando e lutar ao lado deles, de estar em situações adversas e se manter inteira, centrada, focada. E bem, me parece que ela não faz questão de se provar especialmente porque quando ela chega para ajudar o Shikamaru, ele critica ‘os traidores da Suna’, e ela diz que não é pra ele se sentir ofendido, ela estava só seguindo ordens, como tambem estava fazendo naquele momento. Ela não precisou se justificar que não concordava com a traição, ou que achava bom estar atando a aliança de novo. Ela simplesmente se mostrou indiferente.
Bem, existem muito mais coisas que eu poderia falar que me fazem gostar deles, mas acho que essas são as principais.
► Da onde vc tirou as inspirações pra escrever as ones de Em Familia?
De tudo e qualquer coisa, basicamente. A primeira veio de um desenho que eu fiz. A segunda de uma fic que eu li que o Shikamaru dava o nome da Temari para um gamo. Uma depois de ter achado esses Brick Game, no qual eu adorava jogar Tetris. Ou de um filme que o cara perguntava pra menina se ela preferia salada ou um hamburgão. De Just Dance (o jogo). De uma foto do bolo que tinha no restaurante no Especial de Harry Potter. Do meu problema de estrabismo intermitente e dominância ocular conjunta. Da minha relação com meus irmãos. De músicas (é claro, quem nunca?). De outras fics que li e quero continuar / mudar o rumo. Do código Morse (adivinha qual é essa? XD ). De dias tristes e pensamentos de ansiedade. De bebês que conheci / ouvi falar. Do respeito e companheirismo que enxergo neles. De histórias reais que ouvi por aí. De uma flor que achei na rua. Da conversa com o meu colega que deveríamos comprar uma geladeira, um microondas e um colchão e transformar nossa sala (no prédio do laboratório) em uma kitnet, assim nunca precisaríamos ir embora. De pessoas que nos deixam nesse mundo T.T . De prompts encontrados ao acaso na internet. De uma discussão na aula de Termodinâmica – e outra na aula de RMN. Do início da primavera. De livros que leio. De olhar meu casaco pendurado na cabeceira da minha cama. Como deve ver, nem todas estão postadas / completas ainda.
Neste instante estou jantando e olhando a lua crescente, que me lembra do sorriso do gato da Alice (foto), e me faz pensar como seria o Shikamaru como um gato/personagem que pode aparecer e desaparecer quando quer, calmo e despreocupado, mas que ainda pode entrar em conversas profundas e filosóficas, com uma Alice/Temari curiosa e inquieta, que busca resolver as questões entregues a si, mesmo aquelas que não possuem realmente uma resposta. Não acho que daria uma fic, afinal não creio que as personalidades dos personagens coincidam, mas as minhas inspirações vem mesmo de qualquer lugar... “We’re all mad here.” (eu e minhas referencias Disney)
► Se você pudesse mudar algo no anime relacionado a ShikaTema, o que vc mudaria?
De novo, eu não assisti o anime, então não sei.

:P Pelo que vejo as pessoas comentarem, eu não gosto que a Temari parece mais explosiva e agressiva do que (eu acho que) ela é, em comparação com o mangá. Pegamos como exemplo uma luta dela com o Konohamaru que parece ter ocorrido no anime (não assisti, não sei como é, estou comentando com o que leio por aí): eu não consigo ver a Temari entrando numa ‘luta’ com um pirralho, muito menos se for pq ela ficou incomodada. Ela é uma diplomata, ela não pode ‘perder o controle’se ficar incomodada com algo. Ela tem que manter a neutralidade.
Mas, se ao invés de ‘no anime’ na sua pergunta estivesse ‘no mangá’, a minha resposta é que não sei. Acho que eu ia dar mais protagonismo pra eles, mas não sei se isso ia ser realmente bom, porque tenho medo de tirar a sutileza que eu curto no casal. Acho que uma das coisas que mais gosto no desenvolvimento deles é como eles evoluíram lentamente no relacionamento, de adversários, a colegas, a amigos, a parceiros, a ‘amantes’. Então, não seis e mudaria algo. Gosto de encher as coisas no meio com fanfics.
► Qual foi seu primeiro Shipp (Séries, animes etc)?
Depende, defina ship. Hahahaha Acho que o primeiro casal que eu queria que desse certo mesmo era Sakura e Shaoran de Sakura Card Captor. Mas o primeiro casal que comecei a participar do fandom foi Takari, de Digimon.
► Um anime que todos amam menos você?
Bem, eu não assisto anime basicamente, então com anime é difícil responder hahahaha Com mangás, não sei, eu não conheço tantos assim pra poder dizer. Mas admito que vejo muitas pessoas que AMAM Death Note, e eu achei só ok, nada excepsional.
► Um personagem de Naruto que você não gosta.
Hmmm... não sei também. Não costumo focar nas coisas que eu não gosto, mas sim nas que eu gosto. Mas acho que o Madara do final foi pessimamente usado, não me agradou...
► Qual foi o maior genjutsu de entrevista do Kishimoto que vc já caiu? (aka entrevistas falsas que vc acreditou)
Bem, eu sou uma cientista, então eu sou acostumada a duvidar de tudo, tudo mesmo. Então, eu nunca acreditei em nada sem procurar uma fonte bem confiável e sólida, e mesmo assim nunca confio 100% mesmo. Pra mim, só confio mesmo no que está no mangá

:P E pra teres ideia, eu duvido tanto de tudo, que mesmo quando eu vi o Shikadai eu ainda não estava convencida que Shikatema era oficial. Foi só quando vi ele chamando a Temari de mãe e com um casaco muito parecido com o do Shikamaru nessa idade que eu me convenci.
► Qual seu genero de fanfic favorito?E qual o que menos gosta?
Eu gosto de quase qualquer coisa se for bem escrita (o quase está aqui só pq tenho medo de ser generalista). Mas curto muito tanto coisas bem dia-a-dia como ação e aventura, então diria que são o Fluff e Ação/Aventura. O que menos goste deve ser terror (que ainda bem que não tem muito).
► Você preferiria pegar o Shikamaru com uma vagina ou a Temari com um pênis?
Hahahahaha, tu não tens ideia como eu ri quando li a pergunta. Primeiramente, eu prefiro não pegar nenhum porque acho que eles são um do outro e só deles, sem mais.
Desconsiderando isso, os dois me atrairiam como pessoas. Existem muitas outras coisas a considerar aqui, mas se tiver que escolher um só, eu jogaria bem ‘loosely’ na Temari.
► O que vc gostaria de fazer/ser no futuro? Vc faz algo para alcançar ou é mais deixa a vida me levar?
Eu não sei o que eu gostaria de ser ou fazer no futuro. Eu gostaria de viajar e conhecer muitos lugares. Eu gosto de fazer pesquisa, mas não curto muita da burocracia que é a vida acadêmica e de pesquisador. Eu sou uma pessoa mais “deixa a vida me levar”, não que eu não lute pra alcançar o que quero, mas meus planos são mais curto e médio prazo do que a longo prazo.
► Vc ja sonhou ou quis fazer algo diferente do que faz hj? O que te fez mudar de ideia no caminho?
Bem, eu nunca sonhei realmente em fazer algo. Antes de entrar na faculdade queria fazer Engenharia. Acabei fazendo Química por um acaso, conforme comentei na primeira pergunta. Quando estava me formando eu não queria seguir a vida acadêmica, queria trabalhar em empresa. Como não consegui emprego porque me formei na crise, fiz concurso de perito, passei, vi meu namorado (na época) ser chamado, e vi que não era pra mim. Surgiu a oportunidade do doutorado e peguei. Acho que na verdade não era a vida acadêmica que eu não queria, mas sim o fato de ficar sempre no mesmo lugar, com as mesmas pessoas, aprendendo as mesmas coisas. Eu quero evoluir, crescer, ‘conquistar o mundo’, não ficar presa a um lugar ou um pensamento. Hoje estou fazendo doutorado e estou feliz aqui.
► Se quiser, conte sobre as dificuldades da vida e como vc lida ou sofre com elas.
Então, eu não sabia como essa pergunta era difícil. Ainda bem que eu coloquei o ‘se quiser’ então posso sempre não contar. Hahahahaha
Eu sofro de depressão e ansiedade – e pra quem não sabe, isso é uma coisa que faz muito difícil pra pessoa criar planos a longo prazo ou ter algo que ela considera como um ‘sonho’a fazer. Cresci com pais abusivos emocionalmente, convivi com violência doméstica, e infelizmente isso me levou a conviver em relacionamentos ‘amorosos’ abusivos. Aprendi desde cedo que nunca poderia contar com ninguém e que se eu não conseguisse suportar algo ou precisasse de ajuda, eu era fraca e inútil – insignificante. Então, sofri muito por falta de apoio, por me sentir menor que os outros – e por isso disse que me identifico com a Hinata. Eu sentia que a única coisa que eu fazia bem era estudar, então eu me agarrei nisso com todas as minhas forças pra seguir a vida, na esperança de um dia poder me livrar do que me machucava. (e como falei, por isso admiro a Temari e o Shikamaru, e eles como casal pelo respeito mutuo) Mas muitas vezes eu sentia que estava quebrando e não conseguiria suportar. Pensei muitas vezes em como seria melhor morrer – é uma dor tão profunda e intensa que você não tem perspectiva de melhorar que você prefere acabar com tudo do que continuar com tudo. Cortei o pulso umas duas vezes, mas ironicamente me cortar me fazia sentir viva – era uma dor que eu conseguia externar e mostrar que era real, embora de fato eu nunca tenha mostrado pra ninguém, e era uma dor que eu sabia que ia passar. Os filmes me deram vontade de tomar uma overdose de remédio – não dá certo, só deixa ruim. Meus pais nunca suspeitaram de nada ou nunca se importaram, e eu percebi que eu era muito boa em esconder tudo isso. Na escola eu sofri bullying por ser isolada, por ter chego na quinta série vindo de escola pública, e isso só fazia eu me isolar mais. Para poupar dinheiro meus pais compraram um casaco bem grande pra mim pra depois passar pros meus irmãos – sobrava mais de um palmo dos braços, e era quase um vestido de comprimento. Eu queria usar aquilo pra me esconder, mas claro que isso só piorava o bullying. Eu comecei a me afundar na biblioteca e me apaixonei por leitura. Meus maiores companheiros eram os meus cachorros – até o meu dobermann, que deixava eu ficar na casinha dele e ficava comigo quando eu não conseguia mais suportar o mundo do lado de fora. A faculdade me ajudou por encontrar pessoas mais abertas e mais apaixonadas pelo que fazem, e um tanto ‘loucas’ como eu. Em alguns momentos entre ensino médio e faculdadade, passei no mínimo uns dois anos desejando todo dia a noite que no outro dia eu morresse. Me envolvi num relacionamento nessa época, pq achava que não suportaria sozinha, e melhor ter alguém do que ninguém, mesmo que não gostasse de algumas coisas eu aceitava pra não ficar sozinha. A possibilidade de ir pro intercâmbio foi algo que me acendeu uma esperança sem tamanho, e pela qual eu agarrei com todas as forças que tinha. Tenho tambem que agradecer nesse momento as inúmeras pessoas que me ajudaram, financeiramente tambem, pq meus pais não poderiam – eu ganhei o teste de proficiência, o passaporte, o visto – e muitas dicas, mala, milhares de coisas que eu não poderia fazer sozinha. O intercâmbio foi um divisor de águas – eu nunca fui tão livre na minha vida, nunca viajei tanto, que era uma coisa que sempre quis, nunca tinha interagido com tantas pessoas de fora. Voltar foi um pouco difícil, mas eu sabia que ia acontecer e estava preparada pra isso. Me formei, passei um momento de muita pressão por não estar trabalhando depois de formada, estava em outro relacionamento. Muitas coisas me deixaram de novo como se aquilo que eu tivesse conquistado fosse só um sonho distante, que pessoas que tinham pena de mim me deram, e me senti inferior de novo. Nessa época entrei no ShikaTema BR, fui bem recebida, e depois entrei como tradutora, o que me ajudou a me sentir útil de novo. Era um dos poucos momentos que me faziam feliz. Muitas coisas aconteceram, mas quando vim pro doutorado, encontrei pessoas maravilhosas aqui, que estão dispostas a me ajudar a melhorar. Acho que isso foi um choque pra mim. Comecei a fazer tratamento pra depressão e ansiedade. Passei a ter crises de pânico e de ansiedade muito intensas no inicio da medicação, e depois entendendo melhor percebi que tive isso em vários outros momentos da vida. E ganhei muito muito apoio de pessoas aqui, que hoje admiro e gosto muito. Ainda sofro com momentos muito depressivos, com ansiedade generalizada, com crises de ansiedade que como o dia inteiro e fico passando mal por tudo que comi, com crises de pânico que me deixam sem ar, sem movimento, tremendo sem parar, travada, com vontade de gritar e de morrer. Mas descobri que posso contar com as pessoas e que nem todos vão me julgar fraca por isso. Que existem pessoas que querem ouvir e te ajudar na tua história, que querem crescer contigo. E por isso eu tenho muito que agradecer a este grupo aqui tambem, pelo apoio e acolhimento que eu tive, e pelos membros que tanto me ouvem e aconselham em momentos difíceis. Obrigado a todos por este fandom maravilhoso que temos
