Gaara Hiden - capítulo 5
Tudo neste mundo é parte de um par.
Homem e mulher, noite e dia, yin e yang, sombra e luz.
E então, há seres que vivem no espaço entre estes pares.
Estes seres são shinobi.
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Gaara e Shijima encontraram Hakuto e Shigezane próximo a fronteira do País do Fogo, em uma região onde o deserto chegava a um fim.
Na verdade, pradaria seria uma palavra mais precisa que deserto. Havia árvores baixas crescendo aqui e ali, um sinal que dizia que esta área era abençoada com chuva.
Poderia ser uma vista depressiva para pessoas de outros países, mas para aqueles que era nascidos no deserto como Gaara e os outros, qualquer lugar que simplesmente tivesse chuva era como um paraíso.
Além do horizonte, você podia vagamente ver uma floresta verde escuro. Em resumo, isso significava que as pessoas que viviam ali eram abençoadas com bastante água, e não odiavam o sol como se ele fosse um demônio quente vermelho.
Shigezane e Hakuto estavam de mãos dadas, encarando o por-do-sol próximo através do horizonte.
Era quase como como se eles estivessem olhando um futuro cheio de esperança que estava a frente daquele por-do-sol.
Eu deveria apenas fingir que não vi?
Apenas por um momento, este pensamento entrou a cabeça de Gaara.
Mas, no fim do dia, Gaara era o líder de Sunagakure.
E ele não podia parar de ser seu líder.
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“Shigezane. Nós teremos você retornando Senhorita Hakuto.” Gaara puxou a machucada e exausta Shijima levemente atrás dele e chamou detrás do par, acabando com toda sua hesitação.
Ele absteu-se de fazer um ataque surpresa em respeito a Hakuto.
“Gaara-sama?” A voz de Hakuto estava aturdida e também tinha traços de consciência culpada.
“Hakuto, fique para trás” Shigezane disse, dando um passo a frente.
Seu rosto não parecia tão composto quanto da última vez.
Como deveria ser.
Eles correram todo o caminho até a fronteira do país sem nenhuma parada.
E então houvera a areia movediça que cobrira as ruínas.
Seu corpo não poderia aguentar tudo isso.
Gaara não via ele como desagradável.
Um shinobi que levara o Kazekage pelo nariz não poderia ser visto dessa maneira.
Tudo que Gaara pensava era o quanto ele lamentava não ter encontrado o talento dele mais cedo.
“Você tem habilidades magníficas. Como Kazekage, eu me sinto muito orgulho de você. Você não tem nenhuma intenção de retornar a Sunagakure?”
Ele não estava fingindo ajudar o inimigo para seguir sua própria agenda. Estes eram os verdadeiros sentimentos de Gaara.
Do fundo de seu coração, ele achava que o talento de Shigezane era precioso.
E ainda mais quando Gaara viu o olhar resoluto nos olhos de Shigezane, e ele entendeu que ele não estava pretendendo matar um alvo por dinheiro como o grupo de assassinos de antes.
“Eu estou honrado de ouvir isso.” Shigezane disse, e reuniu shuriken de água dentro da palma de sua mão.
Então esta era a resposta dele.
Bem, seria esta, Gaara pensou.
Shigezane era este tipo de homem, e era por isso que as coisas tinham vindo a este ponto.
“Gaara-sama!” Hakuto estava caminhando em direção a eles, parecendo que ela não podia mais suportar isto.
“Hakuto?!”
“Gaara-sama, por favor, de alguma maneira, pare o que você está fazendo!”
Os olhos de Hakuto pareciam desesperados.
Como Naruto, naquele dia.
“Shigezane é meu-“
“Você não precisa dizer.” Gaara disse, cortando Hakuto.
Até Gaara entendia que a relação entre Hakuto e Shigezane era aquela de um homem e uma mulher.
O esquema podia ter sido desenhado por outra pessoa, mas os dois que foram pegos neste esquema estavam em uma relação.
Da mesma forma que Gaara tinha sua própria vida, Hakuto tinha a dela também. Você não podia aprender sobre a vida de uma pessoa em apenas um ou dois dias de conhecidos.
“Shijima e o resto não foram atacados a força total. E Shijima não foi morta. Suas pegadas na areia enquanto você seguia Shigezane eram nítidas e calmas. Todos estes sinais apontam para o fato de que você sabia que seria ‘sequestrada’.”
Gaara decidira fazer o papel de cara mau.
“Eu não sei quem instigou vocês, mas eles moveram as coisas até que houvesse a conversa sobre a reunião de casamento. Você devia fazer o papel de minha prometida na visão pública, e então fugir. Seria um grande golpe contra a autoridade do Kazekage. Hakuto, que nunca pisara fora das terras da tribo Houki, iria fugir com Shigezane da tribo Houki e desaparecer. Esta era a essência geral, não era?”
“Porque você viria atrás dela sabendo tudo isso?”
Shijima foi quem perguntou esta questão.
“Eu lhe falei.” Gaara disse a ela, “Eu sou o ‘Kazekage’. Eu não posso ser qualquer coisa além disso.
“......”
“Isso não é diferente de como eu não podia fazer nada mais além de agir como uma Senhorita da tribo Houki.” Hakuto disse. Seus olhos estavam molhados enquanto ela olhava para Gaara.
Não era uma mentira que ela se importara com ele.
Era apenas que ela se importava com o homen ao seu lado, Shigezane, mais.
“Para que eu pudesse deixar o lugar onde eu nasci e cresci, para que eu pudesse ser livre. Eu não tinha nenhuma outra escolha se não ser sua parceira de casamento. Me desculpe por usar você. Mas-“
“Deixe a desculpa.” Gaara disse, areia se movendo para fora de sua cabaça.
Era um sinal que ele estava pronto para lutar.
“Eu não tenho intenção de interferir em seu romance.” Gaara disse, “Nós nunca concordamos em um compromisso. Apenas publicamente parece que nós o fizemos. Eu não sou alguém com direito de prender você. No entanto...”
A areia da cabaça de Gaara se transformou em uma espada.
“Eu não posso fazer vista grossa para shinobi que abandonam sua vila.”Ele disse, “Shinobi que usam sua força sem seguir a lei... Eles eventualmente irão ferir mais e mais pessoas.”
Gaara sabia disso como um fato, de sua experiência pessoal lutando contra a terrorista Akatsuki.
Um único shinobi poderia destruir uma fortaleza, uma cidade inteira, se eles apenas tiverem vontade.
Era porque este fato os limitava que shinobi vieram a coexistir com a sociedade. Não, eles não tinham outra escolha a não ser coexistir.
E este era o porquê.
“Agora... Eu irei por você!” Gaara disse.
“Venha.” Shigezane respondeu.
O terreno abaixo de seus pés era cheio de cascalhos.
Seu oponente não poderia mais fazer areia movediça.
Contudo, Gaara não podia se permitir usar técnicas grandes, notáveis também. Porque ele não podia permitir que esta luta fosse notada pelo público. Se ele usasse ataques chamativos, de grande-alcance, então naturalmente isto iria levantar um alarme desnecessário nos shinobis estrangeiros nesta região.
Em poucas palavras, ambos estavam igualmente incapacitados.
Uma lâmina de água cortou através do escuro em direção a ele.
Mas Gaara já tinha entendido tudo sobre aquela técnica.
“É inútil” Ele disse a Shigezane.
O escudo de areia de Gaara desviou o ataque completamente, ou absorveu ele.
Não importa quanta água você tivesse, água não era superior a areia.
Era o mesmo a como um canal subterrâneo não poderia irrigar o deserto.
Os ataques de tempestades de água de Shigezane continuavam desaparecendo em frente a Gaara.
O olhar triste que Hakuto tinha toda vez que isto acontecia não lhe causava dor.
“Não há nada que areia não possa fazer.” Gaara disse, fechando a distância entre ele e seu oponente.
Se ele se aproximasse, ele deveria conseguir colocar um fim a isto com taijutsu.
Ele reforçou seu escudo, se moveu para frente, e foi naquele momento...
Uma particularmente grande lança de água foi lançada em direção a ele.
Gaara girou seu corpo para o lado.
“!”
Uma dor ardente correu pela sua lateral.
A lança de água que quebrara através de seu escudo de areia tinha perfurado.
Eu não pensei que ele fosse deste nível...!
Shigezane não foi a primeira pessoa que atravessou a Defesa Absoluta de Gaara. Contudo, ele podia contar o número de pessoas que conseguiram perfurar com tanta precisão.
“Porque....!? Porqe você pode evitar...?!
Parecia que Shigezane estivera muito confiante naquele jutsu. Sua voz estava confusa.
A razão para que este tipo de de palavras saissem da boca de Shigezane era que não importava quão bom mestre de Mineração de Metais ele era, ele não era um soldado da sua habilidade.
Esta era a diferença entre o mundo que Gaara e Shigezane viviam.
Não significava que um estilo de vida era melhor ou pior que o outro, mas ele era um fator decisivo quando vinha a sobrevivência do mais apto no campo de batalha.
“Foi Hakuto.” Gaara falou.
“Ahn...?”
“Eu estava olhando nos olhos de Hakuto.”
“O que você está dizendo?!” O tom de Shigezane estava tingido em confusão e ciúmes.
Bem, aquilo era natural.
Mas Gaara não estivera olhando os olhos de Hakuto por qualquer sentimento relutante ou arrependimento.
Shinobi eram aqueles que lutavam no campo de batalha enquanto reparam, observam e analizam cada pedaço de informação.
“O olhar de Hakuto mudou quando você atirou aquela última lança. Ela parecia estar com medo da morte de alguém. Para ela se sentir assim enquanto ela sabia do meu estilo de luta significava que ela acreditava que seu jutsu, Shigezane, iria derrotar minha Defesa Absoluta.”
“Então foi assim que você evitou um ferimento fatal...!” Shigezane parecia nitidamente em reverência.
“Eu sou o Kazekage” Gaara disse, “O vento e areia que correm sobre este deserto não podem ser capturados por ninguém...!”
Gaara deu um passo a frente como um deus da morte que tinha tomado a forma humana.
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“Tropas foram enviadas para a instalação principal.”
“Eu vejo.” Toujuurou ouviu ao relatório de Meizuru, e deu uma risada satisfeita.
Ele pensara que Kankurou poderia ter reparado que algo estava acontecendo quando ele fez alterações no plano, mas não parecia que ele tivesse.
Quão irônico, que os shinobi que Gaara treinara e erguera para reconstruir Suna iriam puxar o tapete debaixo de seus pés.
A doce ironia fazia Toujuurou muito satisfeito.
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“-Mas eu, por outro lado, não vou explicar sobre como eu quebrei através de seu escudo!”
“Eu imagino,” Gaara disse, evitando outra lança de água ao deslizar para o lado.
Uma vez que ele sabia que a lança de água estava mirada para seu corpo, tudo que ele tinha que fazer ela ter certeza que ele não estaria em nenhum lugar esperado. O nível de taijutsu de Gaara permitia a ele fazer isto.
É claro, Shigezane também estava atirando as lanças de água esperando que Gaara iria evitá-las desta forma.
Mas, nenhum de seus arremessos sequer atingiram o alvo.
Era porque graças a sua areia que ele espalhara e estendera sobre o chão, Gaara podia sentir o movimento da água abaixo do chão antes que elas irrompessem acima.
Se você sabia onde um ataque iria se originar, você podia fazer uma estimativa grosseira de onde ele iria atingir. Enquanto ele rapidamente as evadisse, misturando algumas simulações, estaria tudo bem.
Gaara se aproximou.
Mais perto.
Evitou uma lança de água.
Evitou outra.
Mais perto.
Ele pulou para trás.
Então ele se aproximou de novo.
Adiante, evita, adiante, evita evita evita, adiante, adiante, adiante, desliza, salta, corre, evita, avançar adiante de novo, pular para trás em esquiva, vira, pula adiante, avança adiante, adiante, perto, mais perto, desvia um ataque, evita, mais perto, mais perto, evita, desvia...!
“Gaara-sama, por favor pare!” Hakuto gritou.
Ele não podia permitir-se parar.
Ele não deveria parar.
Ele não conseguia parar.
Em prol de manter-se ele mesmo, ele não podia torcer seus princípos.
Gaara balançou uma lâmina de areia em direção ao homem que era amado por uma mulher que ele uma vez pensou que ele não se importaria em casar.
“Gr, mas!” Uma corrente de água irrompeu em forma de lança debaixo dos pés de Shigezane, junto com um estridente grito de guerra, “Se for a queima-roupa, então-!”
A lança de água se dividiu em várias outras lanças.
Ele não podia evitar elas.
Mas o escudo de areia de Gaara desviou cada uma destas lanças. Era porque, desta vez, Gaara usara a liberação magnética que ele herdara de seu pai. Seu escudo tinha imperceptíveis, reluzentes fragmentos de metal incluídos nele, e permitiram a ele desviar a lança.
Gaara sabia que os segredos da técnica de seu escudo de areia foram expostos. Uma de suas contra-medidas para compensar para esta fraqueza foi essa: a técnica de seu pai. Ele absolutamente não usara ela até agora, mas quando o fez, ele usou a liberação magnética de seu pai junto com a areia que sua mãe dera a ele para fazer o seu atual escudo.
“O qu-?!”
“Meu principio é de agir antes de me vangloriar” Gaara disse.
Uma espada de areia se estendeu a partir de seu escudo, permanecendo contra a parte de trás do pescoço de Shigezane.
“Eu teorizei como você conseguiu perfurar meu escudo.” Gaara disse, “Mas eu não tive tempo de confirmar. De qualquer forma, o fato que você conseguiu quebrá-lo é algo louvável.”
“Eu peguei cálcio hidratado e rocha vulcânica da água subterrânea, e misturei com a lança de água. Quando ela atinge sua areia, ela transforma a areia em concreto, e então eu posso quebrar através do seu escudo,” Shigezane disse, ambos orgulho e inveja em sua voz, “É uma técnica que o Quarto Kazekage propôs, e ainda você...”
“É uma técnica que meu pai propôs para me matar?”
“... É. No fim, ele nunca usou ela uma vez que uma solução mais eficiente que usar a liberação magnética foi encontrada, mas...”
“..........”
Gaara não tinha mais nenhuma intenção de condenar seu pai.
O potencial perigoso de um jinchuuriki era infinito. Era natural preparar um jutsu para parar um no caso que eles entram em onda de violência. Chamas eram úteis, mas você teria que preparar água, para caso um fogo incontrolável irrompesse. Gaara e os outros jinchuuriki eram como chamas sencientes.
“Se fosse meu antigo eu, provavelmente teria me matado. Mas você não pode matar meu eu atual com isto...”
“Porque?” A voz de Shigezane estava tão inconsolável, que soava como se ele estivesse espremendo sangue de seu coração. “Você está dizendo que a linhagem do Kazekage é especial? É o chakra de jinchuuriki e o chakra de nós humanos normais tão diferente? Você está dizendo que não importa o quando nós tentemos, aqueles de nós com linhagens fracas não tem direito de ser felizes?!”
“Sangue não tem nada a ver com isso.” A voz de Gaara estava quente como areia, e fria como areia.
Era verdade que no mundo shinobi, haviam muitas situações onde linhagens significavam tudo.
A técnica que Gaara acabara de usar para derrotar a técnica de Shigezane, a ‘liberação de metal’ era uma dessas situações. A liberação magnética era uma kekkai genkai que ele herdara de seu pai, e se ele não tivesse os genes para isto, ele não conseguiria usá-lo. Foi usando esta kekkai genkai que Gaara conseguiu mudar a natureza de sua areia e defender a si mesmo contra o ataque que mudaria sua areia para cimento.
Não era algo que ele poderia dizer que ele aperfeiçoara, mas era mais que suficiente para quando dois truques astutos estavam enfrentando um ao outro.
Mas então, tome Haruno Sakura de Konoha por exemplo. Ela não veio de uma linhagem inusual, mas sua força fazia dela uma excepcionalmente grande shinobi. De fato, havia um grande número de pessoas normais que, polindo suas técnicas ou com pura força somente, superavam outras.
Gaara vira muitas pessoas que confiavam apenas em sua linhagem, e ainda não eram capazes de produzir nenhum resultado real.
Irmãos que eram todos excelentes shinobi como Gaara, Temari e Kankurou eram poucos em número. E não era o resultado de sorte, mas do próprio trabalho duro deles.
E então, mais que qualquer outra coisa...
“Linhagens são cadeias que prendem pessoas como eu ou Hakuto. Elas não são uma benção.” Gaara disse, “Shigezane, você já não sabe disso?”
“Isto é-!”
“...Eu nunca quis esse poder.” Gaara disse, “O que eu queria era o poder de ser amigo de alguém como iguais. O que eu queria era o poder de apenas passar tempo com a minha família. Pessoas como você, que não nasceram na linhagem do Kazekage, que não foram feitos jinchuuriki... de onde eu estou, é você que parece ser um especial escolhido.”
Ele tinha honestamente falado de seu coração.
Gaara mesmo não entendia porque ele acabara dizendo tudo isso.
Era apenas que ele achava que era cortesia comum lutar com alguém honestamente.
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“Nós tomamos o controle do departamento de comunicação.”
“A estação de trem-relampâgo está sob controle. Câmbio.”
“A Oficina de Armas do Sexto Ninja foi tomada. Câmbio.”
Vários monitores estavam localizados em torno de uma sala escura, mostrando a situação enquanto os jovens shinobi liderados por Kankurou lentamente assumiam o controle de importante locais em Sunagakure.
Coisas estavam progredindo até mais rápido que Toujuurou esperava.
Mas, Toujuurou não atribuía isto à excelência dos jovens shinobi.
Ao invés disso, ele estava delirantemente orgulhoso, pensando que isto era tudo devido ao plano que ele desenhara.
“Agora, tudo que está faltando é...!”
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“Poderia muito bem ser... que as pessoas normais são os escolhidos. Contudo, sacrifícios são necessários para a felicidade.” Shijima disse, atrás dele.
Gaara podia sentir indicações que ela estava pronta para atacá-lo.
Ele não estava surpreso.
Como eu pensei, foi a única coisa que cruzou sua mente.
“Pare o que você está fazendo.”
Gaara soubera do início que Shijima ajudara Hakuto e os outros a escapar.
Os guardas não foram mortos. E então a orientação de Shijima os levara para aquela armadilha de areia movediça. Se ele olhasse, haveria muito mais evidências a serem encontradas.
Mas, mais que tudo, ele soubera a verdade porque Shijima era a irmã mais velha de Hakuto.
“Gaara-sama, prepare-se.” Shijima disse.
“Você não será capaz de me derrotar com suas técnicas.” Ele falou a ela.
“Certamente.” Shijima concordou. Ela derrubou suas houshuriken. Elas rolaram através da terra com sons secos, ásperos. “Se é um jutsu que eu preciso, então eu sei qual.”
Shijima ergueu sua mão até seus óculos.
“!” Shigezane gritou, “Shijima, não faça isso!”
“Isto é- você não pode fazer isso, irmã!”
O som das vozes de Shigezane e Hakuto tinha mudado.
Era muito provável que Shijima estava a ponto de usar uma técnica que arriscaria sua vida. Não, não uma técnica. Algo mais básico que colocaria sua vida em risco...
O doujutsu!
Shijima tirou seus óculos.
O rosto agradável, limpo de Shijima estava finalmente exposto com nada para obscurecê-lo.
Então é este a quem ela se parecia.
Gaara finalmente percebeu quem Shijima tão fortemente se assemelhava.
Ela se parecia com Yashamaru.
O homem que criara Gaara como um pai faria. O homem que Gaara amara mais que a qualquer outro, e que fora ordenado a matá-lo precisamente por esta razão.
O rosto de Shijima parecia exatamente como o Yashamaru fora, naquele crítico momento. Era cheio da mesma esperança, e resignação, e algo mais que Gaara ainda não entendia.
Seus olhos estavam abertos.
Aqueles olhos não eram de um humano.
Eles eram um turbilhão de inexistência, que brilhava com as sete cores prismáticas.
Seu controle sobre o doujutsu era desordenado por conta das medidas artificiais colocadas em seus canais de chakra. Era a marca do seu crime em anormalmente alterar a si mesma no passado para se tornar em algo inumano, similar a aquilo dos outros subordinados de Orochimaru, e Sasuke.
Meu corpo... ele está febril...!
Era bem mais forte que ele esperava.
Gaara sentia como se sua consciência estivesse sendo puxada pela raiz por aquele caverna de vazio.
Areia rolou ao redor dele.
Estava se movendo além do alcance do controle de Gaara.
Não, talvez estivesse até além do controle do chakra de sua mãe, incorporado dentro da areia.
Mas, ainda assim, Gaara não desfez a lâmina de areia que ele segurava na garganta de Shigezane. Se ele deixasse ele ir agora, tudo teria sido em vão.
“Nesse ritmo...!” Shijima disse, “Meu chakra e de Gaara-sama irão ambos ficar completamente fora de controle, e nós morreremos da força de ambos nossos jutsu...! Esta é minha última força...!”
“Você poderia chamar isso de uma espécie de presente de despedida de Orochimaru, huh?” Gaara respondeu.
O ativador do jutsu, Shijima, parecia estar em muito mais dor que Gaara estava.
Gaara já morrera uma vez. Ele estava acostumado a dor física.
Dor física não era o que estava o assustando.
Apenas tristeza estava.
As sete cores de não-existência refletidas nos olhos de Shijima pareciam como lágrimas para Gaara.
“Você pretende morrer pela sua irmã?” Gaara perguntou, sua voz permanecendo calma até o fim.
Não era que ele não sentisse dor. Seu corpo inteiro estava envolvido em dor, como se todos os meridianos* em seu corpo estivessem sendo rasgados, como se seu dentes estivessem sendo arrancados sem anestesia. Ele estava desesperadamente sobrecarregado com como seu interior parecia febril, como se ele estivesse prestes a explodir com seu próprio chakra.
Mas Gaara era o ‘Kazekage’.
Mesmo se eles fossem ninjas foragidos, ele não poderia perdoar a si mesmo por fazer algo tão desagradável como gritar de dor na frente de seus subordinados.
“Se eu... não tivesse sido pega pela persuasão de Orochimaru...” Shijima respondeu, “Se minha irmãzinha não tivesse sido forçada a se tornar a líder do clã, então ela não teria sido colocada em uma posição onde ela seria confrontada com abandonar o seu amor...!”
“Então porque,” Gaara perguntou, “você não me matou naquela caverna?”
“!”
Por um momento, o doujutsu ficou perturbado.
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Era natural que ele perguntaria aquela questão a Shijima.
Naquele momento quando Gaara colapsara, Shijima deve ter pensado incontáveis vezes sobre dar a ele um golpe mortal.
Embora a defesa de Gaara operasse mesmo enquanto ele dormia, se Shijima tivesse ativado seu doujutsu, ela seria um oponente mais que suficiente para ele, mesmo quando ele estava acordado. Mesmo se ela não pudesse dar a ele um ferimento fatal, ela poderia tê-lo ferido o suficiente para fazer sua busca impossível.
Poderia haver apenas uma razão para que ela não o fizesse.
Shijima provavelmente vira Gaara chorar enquanto ele estava adormecido.
Se um jovem homem arrisca sua vida para salvar você, e lágrimas escorrem de seus olhos enquanto ele jaz inconsciente em seus braços, é claro que você não poderia matá-lo.
Matá-lo teria ido contra o o último princípio que Shijima acreditava como shinobi.
Este era o porquê.
“Porque este é o meu jeito ninja.” Shijima respondeu.
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“Eu vejo.”
Gaara estava contente com esta resposta.
Outras pessoas poderiam chamar de grotesco, mas para Gaara, a Shijima que sacrificara seu próprio corpo por uma causa era muito bonito.
O fato de que alguém tão nobre quanto isso, tão determinado como Naruto era, tivesse nascido na vila de Sunagakure fazia Gaara pensar que todos os seus esforços como Kazekage não tivessem sido em vão.
Porque na sua vila, havia uma pessoa que sacrificaria a si mesmo por outra.
Shinobi não são mais apenas máquinas que cumprem missões.
“Neste caso, seus princípios não devem ser distorcidos.”
Gaara enrolou a areia que ele deixara abaixo dos pés de Shijima. Ela recobriu seu corpo, restringindo-a.
“Não é possível...!” Shijima sobressaltou-se.
Gaara virou-se em direção a impedida Shijima, e estendeu sua mão esquerda.
“Desde que eu nasci, eu sempre vivi temendo que Shukaku assumisse o controle da minha consciência, e eu lutei contra isto constantemente. Comparado a qualquer outro shinobi no mundo... Eu tenho a maior prática em manter minha consciência.”
Um minúsculo vislumbre do grande chakra que existia dentro de Gaara acordara.
Shijima finalmente, verdadeiramente entendeu o que ela tinha- quem ela tinha se deparado em batalha.
Da mesma maneira que o vento não podia ser atado, o Kazekage não seria dominado em submissão novamente.
Nunca mais. Por ninguém.
“Isto é um adeus.”
A lâmina de areia de Gaara rasgou o ar como uma agulha.
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A vila de Sunagakure estava silenciosa como a morte.
Ninguém notou os shinobi que a tomaram pelas sombras.
Agora tudo que faltava era Kankurou dar o sinal.
“Kankurou-sama.” Amagi estava murmurando no ouvido de Kankurou como se ele não pudesse mais suportar permanecer em silêncio. “Senhor, isto é realmente o que você quer?”
“O que você está dizendo?” Kankurou perguntou, “Você não tinha a mesma opinião que os outros?”
“Eu não sei mais.” Amagi levemente balançou sua cabeça. “Você foi quem me ensinou que os shinobi devem suportar. De alguma forma parece que o que nós estamos fazendo pode ser algo que não poderá ser desfeito.”
Kankurou se perguntou o que ele deveria dizer, mas decidiu apenas dar uma risada tensa.
As coisas que ele estava pensando dentro de sua cabeça não eram simples o suficiente para serem ditas em voz alta.
Não era fácil falar as coisas que ele pensava em sua cabeça em voz alta. Ele não queria pensar que ele ficara tão velho que ele iria unilateralmente dar um sermão em alguém quando eles finalmente pisavam em direção ao caminho certo por eles mesmos.
“Vai ficar tudo bem.”
“Senhor?”
“Bem, só deixe isto comigo.” Kankurou disse. Ele engoliu as palavras: deixe isto com Gaara.
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“U...ugh...”
Sangue espirrara através do deserto.
Gota, gota, ele caia, manchando o ressequido chão do deserto.
“Gaara…sama…?!” Hakuto estava aturdida também. Não era uma supresa que ela estivesse.
Gaara não tinha perfurado Shijima com sua lâmina de areia.
Ele perfurara a pequena protuberância de areia que estava atrás dela.
Era daquela protuberância que sangue humano estava borrifando no ar.
“Porque... você... sabia que eu estava... ali...” A pessoa que rastejou para fora da areia e disse isto em uma voz pesarosa não era outro que um dos irmãos que atacaram a reunião de casamento: Metoro.
Seu corpo inteiro estava coberto em ataduras e ele estava sofrendo de um ferimento potencialmente fatal, mas Metoro ainda estava vivo.
Muito provavelmente, depois da queda, ele fingira morrer enquanto seguia Gaara o tempo todo no intuito de vingar-se e indiciar este escândalo.
“Eu sabia que você estava me seguindo,” Gaara disse, “Eu apenas não queria que você soubesse que eu sabia.”
Espalhar sua areia durante sua parada, assim como espalhar areia durante suas técnicas amplas enquanto lutando com Shgezane, fora tudo com este propósito. Graças a ser capaz de sentir coisas através da sua areia, Gaara conseguiu grosseiramente definir a localização de Metoro enquanto ele assistia Gaara, Hakuto e o resto.
E apenas um instante atrás, Gaara decidira que ao invés de esperar por Metoro lançar um ataque surpresa, seria melhor se ele atingisse-o enquanto fingia que seu alvo era o doujutsu de Shijima.
“Foi Toujuurou quem instigou você?” Gaara perguntou.
O corpo de de Metoro parou com um solavanco. Esta era resposta suficiente.
O shinobi taciturno parecia finalmente ter percebido que ele tinha sido quem caira em uma armadilha.
“Então, foi ele depois de tudo,” Gaara disse. “Ele pretendia instigar Hakuto, me atrair para longe da vila, fazer um escândalo e então premeditadamente me matar. Isso é exatamente o que um ancião poderia pensar.”
“Eu vou... me vingar... por meu irmão...!” Metoro continuava persistentemente tentando mover ser corpo.
Ele soltou um grito quando a areia de Gaara o envolveu.
Ele ainda estava sob a influência do doujutsu de Shijima, então estar no controle era difícil. Mas, quando se tratava de simplesmente esmagar alguém, isto não requeria muito esforço.
Em um instante, o corpo de Metoro desaparecera sem deixar sequer um osso para trás.
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“Ah. Ahh...”
Depois de testemunhar tal visão esmagadora bem a frente de seus olhos, Shijima e Hakuto, e Shigezane também, já tinham perdido o espírito de luta.
Isto era o que o Kazekage era.
Ele tinha lidado com dois oponentes jounin, e ainda por cima, ele resistiu ao doujutsu de Shijima enquanto ferido, e no meio de tudo isso, ele matou outro jounin escondido.
Seu talento, sua força, sua experiência de luta. Ele superava eles em tudo.
Com quem nós simplesmente fomos arranjar uma briga?
Com o amanhecer se aproximando naquele momento, abaixo do céu do deserto, Gaara era a exata encarnação de um deus da morte na forma humana.
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Gaara pegou os óculos de Shijima do chão sujo, limpou-os, e colocou-os de volta em seu rosto.
A areia que restringia Shijima cedeu, e deixou-a solta.
Então, ele se virou para Hakuto e Shigezane.
“Gaara-sama...”
Hakuto e Shigezane não estavam mais tentando esconder seus sentimentos. Eles estavam de mãos dadas, olhando para Gaara com expressões faciais que esperavam o pior.
“...”
Areia lentamente envolveu o par.
“Pare, por favor pare!” Shijima atirou-se para agarrar firmemente o corpo de Gaara. “Já está... o vencedor desta batalha já está claro. Não tem ninguém olhando, também.”
“Eu lhe falei, Shijima.” Gaara respondeu, “eu não posso fazer vista grossa para ninjas foragidos. E Hakuto e Shigezane não querem retornar para a vila.”
E, mais que qualquer coisa, Gaara não queria que Hakuto retornasse a vila e se tornasse um pássaro enjaulado novamente, muito menos forçá-la a se tornar sua esposa.
Não era porque ele achava que ela fosse uma má pessoa.
Na verdade, era o oposto.
Era porque era o oposto que Gaara não podia engolir a idéia de forçá-la a voltar.
“Pessoas que são consumidas pela minha areia... nem um osso irá restar deles.” Gaara disse. “O Funeral do Deserto* envia pessoas para o outro lado sem sequer a menor dor.”
Sua areia começou a girar ao redor deles.
“Ser honesto, e nunca voltar em nossa palavra. Este é o nosso jeito ninja.”
Era verdade.
A promessa de Gaara de proteger Hakuto não fora uma mentira.
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“Ah...”
Naquele momento, Shijima claramente viu:
Hakuto estava sorrindo.
Sua irmãzinha estava sorrindo como se ela fosse ser liberada.
Não era porque ela desistira.
Era porque ela tinha fé.
Era a mesma coisa que acontecera quando ela, Shijima, não matara Gaara.
Hakuto vira aquele algo cálido dentro dos olhos de Gaara.
Aqueles olhos que faziam as pessoas confiarem nele.
E então, aquele dia, tudo que Shijima tinha que fazer era se despedir de sua irmãzinha.
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A vila inteira de Sunagakure estava agora já sob controle dos subordinados de Kankurou.
Toujuurou estava muito, muito satisfeito com os relatórios transmitidos dos monitores e sistemas de comunicação. Ele estava assentindo para si mesmo em satisfação.
“Tudo bem, e agora, tudo que falta... Meizuru. Vá e prenda Kankurou.”
“Perdão?” Como esperado, Meizuru parecia surpreso.
“É óbvio, não é? Nós não podemos deizar o lider do golpe escapar.” Toujuurou disse. “Prenda-o, e exile o resto dos membros do clã do Kazekage. E então, depois disso, nós só precisamos fazer de você o Kazekage, e a reforma estará completa.”
“Você enganou Kankurou-sama?”
“Não é nada novo para shinobi usarem cada truque que tenham em sua manga. Algumas vezes, você tem que enganar seus aliados também. Embora, neste caso, você não poderia realmente me chamar de aliado deste garoto... De qualquer forma, este é um palco apropriado para um titereiro antiquado como ele.”
“Não é assim?”
De repente, o corpo de Meizuru desmoronou.
Seus membros, seu pescoço, seu abdomen, todos esles desfizeram-se em pedaços e caíram no chão juntamente com suas roupas.
“O qu-,” Toujuurou tartamudeou, “Qu- qu- que-”
“O que é isto, você pergunta?” Uma voz descontraída veio da escuridão. Uma figura estava se movendo na sombra.
Rosto branco. Marcas vermelhas.
Kankurou.
“Im-impossível,” Toujuurou estava aturdido.
Os monitores estavam claramente mostrando que Kankurou estava tomando controle no escritório do Kazekage.
Mas, o Kankurou a sua frente não era um genjutsu. Ele não deveria estar aqui. Não importa quão velho ele fosse, eles não deveriam ser capazes de enganar os olhos de um jounin.
“Obviamente, não é um genjutsu.” Kankurou disse.
“Marionetes...?!”
“Bingo.” Kankurou deu um astuto, amplo sorriso irônico. “Graças aos relatórios sobre aquele grupo da lua, eu tive um monte de novas idéias. Eu usei fios muito finos para serem vistos pelo olho humano, e fiz você de bobo com uma técnica de manipulação de marionetes de longa distância. Nunca existiu um shinobi chamado Meizuru. Você estava fazendo a farra falando com a minha marionete este tempo todo. Graças a isto, eu fui capaz de coletar muitas evidências e testemunhos contra você.”
“Um jutsu que eu não conheço... você diz...?!”
Toujuurou estava recuando.
Ele estava sentindo algo que ele esquecera por um longo tempo: medo.
“En-então Gaara também...?”
“Obviamente, ele sabia sobre isso desde o início.” Kankurou disse, “Se ele não soubesse, como você acha que eu poderia ter conseguido fazer vídeos falsos tão bons?”
“Falso..!? Então, é um ninjutsu...?”
“É mais ciência e tecnologia que um ninjutsu. Embora nós de fato temos que usar liberação de relâmpago para alimentá-lo.” Kankurou disse, e então estalou os dedos com um estilo teatral.
Amagi apareceu atrás dele, e restringiu Toujuurou.
“Quanto às suas forças no oásis,” Kankurou continuou, “Temari me contatou para me deixar saber que Baki esmagou eles completamente. Em uma palavra, acho que você poderia chamar isto de cheque-mate, huh?”
“Os tempos mudaram... é isto o que é.” Toujuurou baixou sua cabeça inconsolavelmente.
Ele não fora capaz de admitir isto.
O tempo passara, e as pessoas mudaram. Ninjutsu que ele não conhecia foram criados, shinobi que ele não conhecia haviam nascido.
Isto era certamente porque ele estava velho.
“... Eu não resistirei.”Toujuurou disse. “Eu entendo isto agora.”
“Entende o quê?”
“Que Sunagakure está se dirigindo para encontrar um novo futuro. Eu sempre fiquei olhando para a visão das costas do prévio Kazekage, então eu nunca reparei em como todos vocês estavam crescendo atrás de mim... Eu pretendia fazer de Gaara o Kazekage e manipulá-lo, mas é assim que tudo terminou... Mas, você sabe,” Toujuurou levantou seus olhos rispidamente, fogo queimando dentro deles, “Um dia, você também sentirá a ferroada do tempo passando. Um dia, novos shinobis irão superar você também.”
“Bem, você sabe,” Kankurou bateu uma mão nas costas de Amagi, um grande, orgulhoso sorriso em seu rosto. “Eu estou realmente esperando por isto!”
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Dez ou mais shinobi tinham sucumbido ao redor dos pés de Baki.
Eles eram todos subordinados de Toujuurou. Cada um deles chegara com a intenção de atingir a vida de Gaara.
E cada um deles tinha caído a terra graças a espada de Baki.
Pensar que Gaara iria até se fazer de bobo na minha frente para puxar uma armadilha.
Ele não sentia menor pingo de irritação por ser deixado no escuro.
Ao contrário, ele estava feliz.
A era estava realmente mudando.
Quarto... parece que meu trabalho está finalmente terminado.
Baki começou a seriamente considerar a antiga oferta que pessoas repetidamente lhe ofereciam de ser inaugurado como conselheiro.
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“Tudo bem,” o shinobi de Konoha que estivera na sombra de uma pedra saiu a campo aberto, “Acabou.”
“Finalemente.” Gaara respondeu.
Shijima reconheceu o rosto do shinobi de Konoha também. Ela vira sua foto em documentos.
Nara Shikamaru.
Ele era o noivo da irmão de Gaara, Temari.
Não precisava ser dito que ele era também o destinatário da carta que Gaara confiara a Temari.
“Céus...” Shikamaru resmungou, “Você chama pessoas para ajudar a cada pequena coisa. Parece que eu consegui para mim um irmãozinho problemático.”
Shikamaru coçou sua testa, seu rosto tão descontraído que você nunca pensaria que ele era uma autoridade sobre a União Shinobi.
Shikamaru fora quem resgatou Temari na batalha no local da reunião de casamento de Gaara. Ele também recebeu de Temari a carta de Gaara, e começou a fazer preparações. Não precisava ser dito que Gaara antecipara problemas e pediu a ajuda dele.
“Você esteve assistindo minha reunião de casamento desde o início, não esteve?” Gaara respondeu, “Então isso nos faz quites, irmãozão.”
“Tch...” Shikamaru deve ter se contido bastante durante sua vigilância escondida, porque ele tirou um cigarro e começou a fumar. “O ninja foragido Shigezane atacou e matou Senhorita Hakuto. Você Gaara matou Shigezane em troca, e lamentou pela perda da Senhorira... bem, será o bastante se nós mantivermos a história assim.”
“Seu pensamento rápido foi muito útil.”
“É uma história comum.” Shikamaru disse, exalando, a fumaça branca de tabaco subindo no céu da manhã. “No minuto que eu ouvi sobre o que estava acontecendo de Temari, eu imaginei que algo assim pudesse ser a causa.”
“O Funeral do Deserto* não deixa nada para trás, nem sequer ossos. Isto, junto com seu testemunho sobre o que você viu ‘acontecer’ de onde você assistia, irmão, vai garantir que ninguém conteste.” Gaara disse, “...E, depois disso, se dois shinobi viessem a existir em Konoha, isto não teria nada a ver comigo.”
“Definitivamente não teria.” Shikamaru respondeu às palavras de Gaara com um largo sorriso.
“Ah...” Shijima parecia estar prestes a chorar.
Era porque ele podia definitivamente ver duas figuras se movendo debaixo da areia de Gaara.
A areia estava simplesmente envolvida ao redor deles para escondê-los da vista geral.
“Essa é uma antiga tática de subterfúgio,” Gaara disse, “Eu estou um pouco envergonhado que você esteja vendo isso.”
“Estratégias estabelecidas são coisas para serem usadas quando as circunstâncias as pedem,” Shikamaru respondeu. “Não há ninguém na tribo Houki que tenha visto o rosto de Hakuto sem maquiagem, então este não será um problema. Nós teremos que mudar o rosto de Shigezane um pouco, no entanto.”
“Já que é assim, nós deixaremos isto para Hakuto.”
“É verdade.”
“E se você puder, leve Hakuto para minha irmã... para ver Temari. Os costumes e estilos de vida em Konohagakure e Sunagakure são diferentes. Hakuto se sentirá aliviada de ter alguém que ela conhece por perto.”
“Já entendi, já entendi. Eu não vou fazer nada inadequado, você sabe.” Shikamaru disse, rapidamente se virando.
Esta era sua maneira de dizer ‘deixe todo o resto comigo’.
“Vamos lá, Shijima.” Gaara disse.
“Eh...”
Shijima não sabia como responder.
Eu sou uma traidora, então eu não serei eliminada? Não importa o que, aquele pensamento não fora apagado de sua cabeça.
Não era que ele não confiava em Gaara.
Era apenas que ela jamais conhecera um mundo além do tipo onde traidores eram eliminados, ele honestamente não sabia como se comportar em relação a Gaara.
“......”
Gaara olhou para o estado de Shijima por vários segundos, e então coçou sua cabeça como se ele estivesse perturbado.
Ele repentinamente reparou que Shikamaru estava constantemente lançando olhares furtivos em direção a ele e Shijima, com um sorriso estranhamente satisfeito no rosto. Parecia que ouvir fofocas fazia ele curioso.
Gaara suspirou, e continuou falando.
“O que há de errado? Você alcançou sua missão,” ele disse, “retornando ao oásis antes do nascer do sol.”
“Está realmente tudo bem?”
“A ‘verdade’ é o que nós acabamos de declarar mais cedo. Se nós nos livrarmos de você, isto iria contrariar esta ‘verdade’.” O tom de Gaara não era frio. Pelo contrário, suas palavras eram calorosas. “Sunagakure precisa de shinobis como você de agora em diante, também.”
“...Sim, senhor.” Shijima tirou seus óculos, curvou-se com seus olhos fechados e então, uma vez mais, olhou para ele por trás de seus olhos fechados e selados. “De agora em diante, eu gostaria de servir ao Kazekage, se eu puder. Eu colocarei a minha vida nisso.”
“Eu estarei contando com você.”
Gaara disse apenas isto como uma resposta, e saltou adiante.
Shijima saltou para frente também, seguindo ele.
Após assistir o par desaparecer em nuvens de poeira, Shikamaru tinha um olhar satisfeito em seu rosto enquanto ele começava seu trabalho de tirar Hakuto e Shigezane da areia em que eles estavam escondidos.
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“Está finalmente terminado, huh.”
Os três irmãos estavam de pé em um monte onde era possível ver toda Suna, olhando sobre a vila que finalmente recuperara sua serenidade.
Lidar com o tumulto após o golpe fora razoavelmente tranquilo.
Kankuro ordenara a seus subordinados que suprimir quaisquer outros anciãos que simpatizassem com Toujuurou, então de certa forma, era como se uma infecção tivesse sido removida.
Depois disso, Gaara apenas executara silenciosamente a lei da vila. Toujuurou e o resto ganharam fama e foram expulsos do centro da vila.
“Argh cara, eu realmente quero dormir.” Haviam olheiras embaixo dos olhos de Kankurou que nada tinham a ver com sua maquiagem. Ele passara seu tempo depois do falso golpe constantemente dando ordens para seus subordinados.
“Você não vai dizer nada ‘tipo Shikamaru’?” Temari perguntou.
A cara que Kankurou fez foi tão hilária que Temari apontou e deixou escapar uma risada. Gaara deu um pequeno sorriso também.
Algo sobre os rostos sorridentes dos três irmãos era parecido.
Linhagens podiam ser correntes que prendiam pessoas.
Mas elas eram também laços.
Mesmo se eles se separassem, eles ainda seriam irmãos, e ele estava ganhando um novo irmão. E logo, um sobrinho, uma sobrinha, ele poderia ir e encontrar novos membros da família como estes, também.
“Vocês dois nunca mudam, não é?” Gaara observou.
“Nhe.” Kankurou resmungou.
“Pfff, quem sabe.” Temari respondeu.
Havia muitas coisas que mudavam. Mas, haviam também coisas que não mudavam.
Como o deserto, Gaara pensou.
O vento estava constantemente soprando no deserto onde ele nascera, criando novas formas o tempo todo. Mas, ainda era o deserto.
Gaara acreditava que eles poderiam ser assim, também.
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Shinobi são aqueles que suportam.
Eles suportam absurdos. Eles suportam sofrimento. Eles continuam lutando.
E, shinobi prevalecem sob as mais impossíveis circunstâncias.
Mesmo se espadas chovessem sobre eles, seus espíritos nunca desapareciam.
Isto era suportar.
Isto era um shinobi.
E isto, era Gaara.
E isto era o porquê de agora em diante também, o vento que soprava sobre Sunagakure era sempre amigável.
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Notas de tradutor (Cacatua):
*Então, depois de me debater sobre o termo ‘raisha’ literalmente significar ‘carro relâmpago/trovão’ por quase toda a novela, eu finalmente entendi o que isso significa. Trem em japonês é densha ‘carro elétrico’. O universo de Naruto provavelmente usa relâmpago ao invés de eletricidade. Consequentemente, carro relâmpago/trovão=carro elétrico = trem relâmpago = TREM ELÉTRICO! Eu admito que eu estou um pouco envergonhada por quanto tempo eu levei para perceber isto.
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