sábado, 20 de maio de 2017

Konoha Hiden - capítulo 3



As chamas brilhavam, cintilando e balançando de um lado para o outro.

Eu me pergunto: por que as pessoas sempre acham tão relaxante assistir o fogo?

Esse pensamento curioso apareceu de repente na cabeça de Nara Shikamaru.

Isso, provavelmente, era algo que tinha começado gerações atrás, quando as pessoas ainda estavam à espera da civilização se formar.

Naqueles dias, o fogo tinha sido sempre um companheiro constante para as pessoas.

O fogo tinha iluminado tudo a volta deles e segurava a escuridão da noite no ambiente. Ele protegeu as pessoas de invasores estrangeiros e do frio. Ele também tinha sido usado como um sinal, para encontrar a localização de seus companheiros e no caminho de volta para casa.

Anos e anos desse tipo de atividade havia sido introduzido nos genes das pessoas, e certamente sido passados para o próprio Shikamaru. Foi por isso que, sentado em frente às chamas quentes, ele sentiu uma sensação de calmaria.

Esse sentimento foi passado em Konoha, a “Vontade do Fogo”.

De pai para filho. De filho para neto. De professor para aluno. De amigo para amigo.

Seus sentimentos foram amarrados uns aos outros. Conectados.

Talvez essa vontade do fogo tenha começado como uma pequena chama que qualquer um poderia facilmente apagar.

Mas não havia desaparecido. Mesmo agora, ela ainda estava sendo transmitida, de pessoa para pessoa, ainda queimando intensamente.
Era essas conexões abrangendo gerações que faziam o fogo ser tão reconfortante. Não importa quanto tempo se passou, cada célula do corpo de Shikamaru estava marcado com as memórias daqueles que vieram antes dele e encontraram o fogo para ser tão reconfortante.

Pessoas usavam o fogo para cozinhar alimentos e se sentar em torno dele, olhando para as chamas enquanto comiam. Antes que elas percebessem o que estava acontecendo, elas se reuniam em torno do fogo em grupos de entes queridos.

Naquela época e agora, essa era uma visão que nunca mudou. Na verdade, neste momento, Shikamaru estava sentado na frente de um fogo quente e comendo uma refeição com o seu melhor amigo, Akimichi Chouji.

Conversas. Risos. O som do tilintar dos talheres. Acima de tudo, o som da carne chiando enquanto cozinhava.

Yakiniku Q.

Esse era um lugar comum para Shikamaru e o resto.

Quando as pessoas vêm para uma churrascaria deste tipo, elas geralmente esperam que o lugar esteja lotado unicamente à noite, e não tudo ocupado durante o dia. Yakiniku Q era a única exceção, sempre movimentado com pessoas durante o meio-dia e à noite também. A carne deles era barata, e ainda por cima era de alta qualidade, então o restaurante era bastante popular.

E isso significava que agora, nessa hora exata do almoço, Yakiniku Q não era diferente de um campo de batalha.

As encomendas iam sendo chamadas dos assentos de todos os lados, pedidos por uma cerveja ou um chá ou utensílios, tudo sendo atendido pelos trabalhadores apressados do restaurante. Eles estavam correndo ao redor da churrascaria, circulando em torno de todos os clientes apressadamente. O lugar estava agitado.

Shikamaru estava assistindo o estado frenético dos trabalhadores com o canto de seu olho quando ele colocou um único pedaço de carne na grelha.

A cor vermelha e profunda da carne quase parecia brilhar, a gordura cintilando como uma pérola. A prova de que estava fresco. O som crepitante de dar água na boca, misturado com o cheiro delicioso, flutuava pelo restaurante.

Shikamaru e Chouji haviam decidido almoçar ali naquele lugar de sempre.

A decisão em si tinha acontecido há pouco tempo.

Shikamaru tinha saído para fazer algumas compras e esbarrou com Chouji no meio do caminho. Eles começaram a conversar.

Então Chouji disse: “é hora do almoço de qualquer maneira, então o que acha de comermos um pouco de carne juntos?” e ali eles estavam em seu encontro habitual no Yakiniku Q.

Shikamaru tinha entrado na churrascaria com a intenção de ser breve,
como faria se fosse a uma casa de chá, mas Chouji sempre fazia isso.
“Um pouco de carne”, ele disse – como se fosse! Chouji nunca se sentava sem a intenção de se dedicar a comer tudo o que podia.
O pedaço de carne de Shikamaru na grelha estava começando a ficar bom e suculento. Ele estendeu a mão com seus pauzinhos e virou a carne. O lado de baixo tinha sido perfeitamente grelhado.

Se a carne fosse grelhada por muito tempo, ela ficaria muito ruim. Você tinha que vigiar com cuidado e se certificar de que não passasse do ponto.

A maioria das pessoas gostava de deixar sua carne cozinhar por um período de tempo decidido pelo instinto, mas uma pesquisa de estudos recentes concluiu que essas pessoas geralmente acabavam cozinhando suas carnes por tempo demais.

... Ou pelo menos foi o que Chouji tinha dito para Shikamaru enquanto eles estavam conversando.

Chouji mesmo, bem no meio de sua crítica sobre aqueles excessos de cozimento, comeu um pedaço de carne fora da grelha que não parecia de qualquer forma que tinha sido cozida ainda.

Chouji tinha uma tendência a comer carne quando ela ainda estava crua até demais. Shikamaru pensava que era melhor grelhar a carne um pouco mais.

Seu pedaço na grelha parecia que estava prestes a ficar pronto para ser comido. Assim que Shikamaru estendeu a mão com os seus pauzinhos, sua carne foi arrancada diante dos seus olhos.

Chouji. Ele pegou o pedaço e enfiou em sua boca com um grande som de contentamento.

“Essa era... a minha carne...”.

“Huh? Ohhhh desculpe, Shikamaru. Eu vi que estava pronto para ser comer e antes que eu percebesse, minhas mãos apenas...”. Chouji parecia arrependido quando percebeu que havia pegado o pedaço de carne errado.

“Ah, bem, está tudo bem. Ainda há muito mais carne para comer, afinal”.

Assim dizendo, Shikamaru colocou outro pedaço de carne na grelha. Ele se voltou para Chouji com um largo sorriso e disse:

“Afinal de contas, melhor você comer isso do que ter que vê-lo queimado como uma batata frita, certo?”.

Chouji sorriu de volta para o seu amigo, e então voltou seu foco para mastigar a carne contrabandeada em sua boca, acrescentando um pouco de arroz também.

“Essa carne é realmente boa”. Ele murmurou enquanto mastigava.

Shikamaru ficou olhando, se perguntando se Chouji havia notado seu desprezível comentário naquele momento.

“Cozinhar com uma grelha com carvão forte é realmente difícil para amadores”. Chouji continuou. “Assim, quando se trata de cozinhar e comer um monte de carne ao mesmo tempo, grelhadores a gás são os melhores. Eles realmente escolheram um ótimo método para cozinhar carne boa”.

É, Chouji era um alegre ignorante. Seu comentário tinha sido sobre o melhor método de cozimento da carne.

Enquanto Chouji falava, ele continuava comendo mais arroz também. Ah cara, a esse ritmo a tigela ia ficar vazia em um instante.

Shikamaru, de alguma forma, conseguiu acenar para um trabalhador do restaurante no meio do caos, e pedir por outra porção de arroz.

A coisa sobre o assumido grande apetite de Chouji é que ele se sentia bem o vendo comer. Observá-lo comer, de alguma forma fez Shikamaru se sentir cheio também, mesmo que ele não tenha comido tanto assim, e ainda que sua carne tivesse sido roubada bem debaixo de seu nariz.

Foi por causa disso que Shikamaru de alguma forma sempre se encontrava desnecessariamente intrometido para se certificar de que Chouji estivesse comendo bem. No final, ele empurrou o segundo pedaço de carne que tinha colocado na grelha em direção a Chouji também.

Chouji manuseou seus pauzinhos com uma habilidade assustadora, e a carne desapareceu em um piscar de olhos. Uma por uma, fileiras de carnes mal passadas desapareceram para dentro da boca de Chouji.

Chouji parecia incrivelmente feliz depois de comer tanta carne. E acima disso, de alguma forma ele tinha recentemente começado a parecer digno enquanto comia bem.

Carne, arroz, carne, arroz, carne, arroz, carne, carne, carne... Chouji continuou comendo sem parar enquanto Shikamaru continuou assistindo o espetáculo, ele concluiu que a nova impressão de dignidade era por causa do cavanhaque de Chouji.

Ultimamente, a aparência geral de Chouji tinha mudado um pouco.

A primeira coisa que chamava a atenção das pessoas quando olhavam para ele era o seu cavanhaque. Não foi deixado de uma forma absurdamente longa como qualquer um, mas ele manteve o cavanhaque bem curto e de forma cuidadosa. Isso não era tudo. O cabelo de Chouji tinha sido cortado um pouco mais curto também, arrastado perfeitamente para trás. Isso deu a ele uma aparência geral limpa, bem arrumada e boa de se ver.

Não havia nenhuma dúvida sobre isso. Era o cavanhaque. Quando você juntava o cabelo dele e outras diferenças em sua aparência, então Chouji parecia um adulto respeitável, até mesmo para Shikamaru que o conhecia há anos. Isso era o porquê que Chouji tinha uma nova dignidade quando se olhava para ele comendo também.

“Talvez eu deva deixar crescer um cavanhaque também...”. Shikamaru murmurou enquanto se inclinava contra a cadeira.

“Eh? Por que você quer fazer isso?”. Chouji momentaneamente olhou para cima enquanto comia freneticamente.

Por mais que parecesse que ele se perdia em sua comida, Chouji sempre ouvia atentamente quando Shikamaru estava falando. Shikamaru reconheceu esse fato e continuou dizendo.

“Ao contrário de você, eu pareço como se não tivesse mudado nada desde que era uma criança, não é?”. Shikamaru disse, tocando o rabo de cavalo no topo de sua cabeça.

Shikamaru sempre tinha mantido seu cabelo dessa forma, até desde que ele era criança. Era um rabo de cavalo simples, seu longo cabelo junto e amarrado acima de sua cabeça. Não era como ele tivesse determinado a manter seu cabelo assim ou qualquer coisa. Era só que para alguém extremamente preguiçoso como Shikamaru, essa foi a maneira mais fácil para lidar com seu cabelo.

Se você tivesse que dizer que ele estava determinado em alguma coisa, então era mais provável que ele estivesse determinado a manter seu cabelo e roupas mais simples e fáceis o possível.

Mas então, não era como se ele estivesse determinado a lutar para manter as coisas fáceis até o fim ou qualquer coisa do tipo. Então você não poderia realmente dizer que era porque ele estava determinado a manter tudo simples. Ele só saía dessa forma, porque ele realmente não se importava.

Shikamaru não entendia as pessoas que faziam esforços ridículos para mudar a aparência, o tipo que tinha tanta dificuldade para escolher cuidadosamente suas roupas ou mudar de ares. Ele pensava que os melhores tipos de roupas eram aquelas que você poderia vestir sem preocupação para ir a qualquer lugar, a qualquer hora, do tipo que permitem que você confortavelmente assista as nuvens ou tire um cochilo.

Quando ele era uma criança, Shikamaru costumava pensar ‘se eu pudesse, gostaria de passar todos os dias apenas sentado na frente do fogo, observando as chamas’.

Um garoto que era claramente diferente desses que se preocupavam com o que o mundo ou a sociedade geral pensava sobre ele. Por isso não era surpresa que ele normalmente não se preocupasse com seu cabelo ou suas roupas.

Mas vendo seu melhor amigo de muitos anos de repente parecendo um adulto digno, deu a Shikamaru algo a se pensar.

Shikamaru tinha se tornado um chunnin em uma idade muito jovem, e da
mesma forma se envolveu com um monte de trabalhos a ver com a administração da vila. Por exemplo, ele tinha se tornado examinador na supervisão do exame chunnin e tinha que assistir uma série de reuniões sobre isso, e de alguma forma, em cada uma dessas reuniões, ele estava cercado por pessoas mais velhas do que ele.

Desde que ele se viu encarregado de tarefas como essa, Shikamaru muitas vezes se encontrou pensando ‘olhe para isso como um adulto’ ou ‘aja como um adulto’ ou ‘você deve ser firme na sua atitude como um adulto faria’.

Shikamaru já possuía todas as características possíveis associadas a um “comportamento de um adulto”, mas, neste momento, ocorreu-lhe comparar a si mesmo, que não tinha mudado nem um pouco na aparência desde que era jovem, à madura aparência de Chouji na frente dele. E o que resultou no comentário de Shikamaru sobre ter um cavanhaque.

“As pessoas sempre me dizem ‘você não mudou nada’ quando elas me veem”. Shikamaru resmungou a queixa, ainda comendo.

Chouji olhou para cima da comida e inclinou a cabeça, confuso.

“Mas quando eles dizem isso, provavelmente querem dizer sobre o seu cabelo, certo?”. Chouji fez uma pausa, olhando para o seu prato vazio.

“Ah, Obachan, mais uma porção, por favor!”.

Depois de fazer o seu pedido, Chouji limpou sua boca e olhou para Shikamaru. “Se você me perguntar, eu acho que você mudou muito desde os velhos tempos”.

“Sério?” Shikamaru perguntou “Eu pareço como um adulto?”.

“Yeah. Talvez seja porque você sai há tantas importantes reuniões da União Shinobi. Comparado ao antigo você, seu rosto realmente mudou. Eu acho que você está muito mais firme e capaz agora. Eu sou o único que está dizendo isso, então não pode estar errado”.

Chouji deu um enorme selo de aprovação.

“Ah, agora que você mencionou, um monte de gente me diz que eu me pareço com o meu velho”.

Talvez o próprio Shikamaru que não tinha notado isso porque via seu rosto todos os dias no espelho.

Mas ainda assim ele não podia fazer muito além de pensar que se tivesse um cavanhaque ele poderia parecer um pouco mais digno...

Shikamaru colocou a mão no queixo atualmente limpo e barbeado e ficou pensando no assunto. Quando ele fez isso, o pedido que Chouji havia feito apareceu.

Era um enorme prato, mas a maioria das pessoas ficaria surpresa ao ouvir que não era para eles dois. Esqueça os dois, era uma porção o apenas o suficiente para Chouji. Isso normalmente surpreendia as pessoas também. Mas então, tanto os trabalhadores quanto os clientes regulares ali estavam acostumados aos hábitos alimentares de Chouji há esse ponto, então ninguém ficaria surpreso.

‘Quando todos nós viemos aqui pela primeira vez, pedimos essa enorme porção também, não é...?’

Os pensamentos de Shikamaru voltaram para a época logo após dele ter se tornado um gennin.

Seu time havia ido celebrar sua primeira missão que havia sido concluída com segurança.

E depois disso, a cada final de cada missão, eles muitas vezes foram até aquele restaurante.

Os quatro deles comiam naquela mesma mesa, e Shikamaru se sentava naquele mesmo lugar.

~

Chouji estava sendo gritado pela sua companheira de equipe, Ino.

“Hey?!” ela gritou, “Chouji, você comeu minha carne!”.

“Cale a boca...” Shikamaru resmungou diante do barulho alto que ela estava fazendo.

Isso foi um erro. Ino imediatamente se virou para encará-lo. “O que você quer dizer com ‘cale a boca?’ É a minha carne! Então você está dizendo que vai cozinhar a carne?”.

Agora ele se tornou o alvo. Isso era ultrajante.

“O que é isso?” Shikamaru reclamou baixinho, colocando a carne na grelha. “Por que eu sou o único que tem que cozinhar de novo? Ugh, problemático...”.

Por que as mulheres em geral eram tão insistentes? Shikamaru pensou sobre o assunto enquanto virava a carne.

Para começar, tinha a mulher mais próxima dele: sua mãe. Ela era mais insistente do que as mulheres normais, chegando a um ponto anormal.

O que no mundo fazia um homem mais velho olhar para uma mulher assustadora e pensar ‘eu vou me casar com ela’? Shikamaru simplesmente não podia entender.

“Isso deve ser o suficiente, certo?”.

A carne estava praticamente cozida. Com o comentário de Shikamaru, Ino estendeu a mão com seus pauzinhos, um ar satisfeito em torno dela.

Mas a carne de repente desapareceu.

Não foi um fenômeno sobrenatural. Foi Chouji. Ino largou seus pauzinhos e começou a gritar.

“De propósito, certo?!” ela gritou, “você está fazendo isso de propósito!”.

“Huh- Eu apenas- Eu vi a carne, então...” Chouji gaguejou.

“Não pense que vai sair dessa fazendo comentários vagos!”.

Ino pegou Chouji pelo colarinho, ainda gritando. Desnorteado como ele era, Chouji ainda não tinha largado de seu pote de comida ou seus pauzinhos. Shikamaru resmungou que ele ia acabar grelhando a carne novamente de qualquer maneira, e começou a colocar mais carne na grelha.

Essa era a cena habitual de seu time. E então...

Havia uma pessoa feliz prestando atenção nos três.

Asuma.

~

Shikamaru voltou para o presente e olhou para o lugar que Asuma uma vez utilizou para se sentar.

Shikamaru, Chouji, Ino e Asuma. Os quatro costumavam ir àquele restaurante depois de cada missão e se sentavam em torno daquela mesa.

No passado, Shikamaru pensava que a vida iria continuar sempre assim.
Tinha sido absurdo imaginar todos em um loop constante de juventude, mas de alguma forma o Shikamaru do passado ainda pensava dessa forma. Ele não tinha sido capaz de imaginar como ele seria quando crescesse.

Mas o tempo passou, apesar de tudo isso.

Ino se tornou mais feminina. O apetite de Chouji não tinha mudado, mas ele deixou crescer uma barba. Até Shikamaru tinha mudado sem que ele percebesse. E Asuma... não estava mais ali.

Os quatro não poderiam estar juntos novamente.

Esse restaurante, essa cadeira, tudo foi profundamente tingido com as memórias daqueles momentos felizes que Shikamaru não poderia fazer voltar.

Era porque ele não queria esquecer essas memórias que Shikamaru continuava parando naquele restaurante, até mesmo agora.

Quando Shikamaru estava rodeado pela fragrância familiar da carne cozinhando, ele podia cair na ilusão onde aquele mesmo cheiro de tabaco estava em torno deles também.

Asuma tinha sido um adulto.

Seu cavanhaque sempre cheirava a tabaco de todos os seus incontáveis cigarros. Não importava a situação, ele sempre tinha estado calmo.

Calmo e descontraído.

Asuma tinha ido há muitas viagens quando era jovem, então ele tinha muito conhecimento, e suas habilidades como um shinobi eram ainda maiores. Ele era como um pai, como um irmão mais velho. E ele sempre levava Shikamaru e sua equipe para comer carne.

Pensando sobre isso, ele sempre ficava pálido diante do apetite de Chouji, e revirava incomodado a sua carteira para ter certeza de que tinha o suficiente para pagar.

Agora, Shikamaru e o restante pagavam por suas refeições com suas próprias carteiras, com seus próprios dinheiros que eles ganhavam por eles mesmos.

Shikamaru se perguntou se ele tinha sido capaz de se tornar um adulto ao menos um pouco parecido com Asuma.

Shikamaru pegou o cardápio em suas mãos, virando as páginas e calculando o quanto ele e Chouji tinham gastado até ali. Seria muito caro para pagar sozinho. Se eles dividissem, então ele poderia confortavelmente pagar.

‘Ah cara, eu deveria comer um pouco mais enquanto ainda posso... ’.
Shikamaru olhou a velocidade voraz com que Chouji comia, e estendeu sua mão para um pouco da carne que o pertencia.

“... chomp, chomp, chomp... Obachan, outra porção!” Chouji gritou, com a boca cheia de chomp– não, er, carne.

Chouji eventualmente parou de comer, por enquanto, pelo menos. Ele parecia satisfeito, engolindo uma xícara longa de chá de uma só vez.

Quando ele estava certo de que Chouji tinha começado a respirar novamente, Shikamaru falou.

“Então, sobre o que estávamos falando antes, o que você vai fazer?”.

“Huh? Sobremesa?”.

Nós nunca falamos sobre sobremesa, Chouji.

“... Sobre o presente de casamento do Naruto e Hinata”.

“Ohh, yeah, isso”.

Shikamaru suspirou. Chouji tinha esquecido?

Em primeiro lugar, Shikamaru tinha ido para as ruas com a intenção de comprar um presente de casamento. Ele se esbarrou com Chouji por acaso e, em seguida, eles tinham começado a falar sobre o que deveriam dar para o casal.

Shikamaru ainda estava indeciso sobre o que ele iria dar como presente. Afinal de contas, ele tinha que pensar em algo para que tanto Naruto quanto Hinata ficassem felizes, e ele estava com sua mente em branco.
Shikamaru não era apenas inexperiente com presentes de casamento, ele era um estranho na prática de dar presentes em geral.

Nesse caso, seria melhor para ele falar com alguém que não negligenciasse tanto essas frivolidades sociais. E enquanto ele tinha isso, seria melhor ouvir a opinião de uma mulher. Assim, Shikamaru tinha ido visitar Ino.

Floricultura Yamanaka. Esse era o nome da loja que a família de Ino tinha.

Quando Shikamaru foi falar com ela sobre o assunto, Ino imediatamente começou ostentando que ela já tinha decidido sobre o seu presente.

Como era esperado de Ino. Ela era sempre muito bem informada quando se tratava de últimas tendências e moda.

‘Como esperado de uma companheira de equipe’, Shikamaru pensou e se sentiu aliviado.

“Se esse for o caso, então vai ficar tudo bem se eu comprar alguma coisa da mesma loja que você” ele disse à Ino “Você pode me dizer qual é?”.

“Eh? Você não pode copiar a loja. Esqueça”.

E assim, apesar de serem companheiros que tinham enfrentado batalhas mortais juntos, Shikamaru foi imediatamente abandonado.

Depois disso...

“Eu desisto...” Shikamaru resmungou enquanto ele andava ao redor, examinando as lojas da vila. Ele esbarrou em Chouji em um dos cruzamentos e se viu onde estava agora, no Yakiniku Q.

Mas, aparentemente, Chouji tinha se esquecido de toda a história com a sua mania por carne. Mesmo agora ele estava tomando um pouco de sorvete. Quando Chouji havia pedido sorvete? Shikamaru nem ao menos tentava imaginar. Havia algumas coisas sobre Chouji que estavam além da compreensão.

Honestamente, quando ele levantara o tópico de encontrar um presente de casamento, a opinião de Chouji não podia ser tão confiável quanto à de Ino.

No entanto, quando Shikamaru estava preocupado com o presente de casamento, Chouji estava perfeitamente à vontade.

“Atualmente eu estou mais ou menos decidido...”.

A resposta de Chouji foi tão inesperada que Shikamaru pulou de sua cadeira.

“Você realmente decidiu?! O que você vai dar para eles?”.

“Sim” Chouji disse, pegando um pedaço de papel fino e retangular “eu estou pensando em dar isso para eles”.

Chouji deslizou o papel sobre a mesa, e Shikamaru o pegou com medo dele molhar.

“Isso é...”.

Shikamaru não podia acreditar no que estava vendo. Este era um bilhete de cortesia para uma refeição em um dos Ryotei restaurantes mais caros de Konoha.

“Jovens adultos como nós não costumam ir a lugares como esse,” Chouji disse com um sorriso, “mas levando em conta que isso é um presente de casamento, vai funcionar”.

Era exatamente como Chouji disse. Esse restaurante era extremamente formal e extremamente caro, então jovens adultos não costumavam ir muito ali. Mas um ingresso de cortesia para uma refeição lá, como presente de casamento, era uma coisa simplesmente brilhante.

Era uma chance para o casal ir a um lugar que não vão frequentemente, e era um presente de casamento interessante que ambos poderiam aproveitar. Não poderia haver outro presente de casamento tão bem pensado como esse.

Mas, embora isso fosse um presente de casamento incrível, como Chouji poderia deixar passar tão facilmente uma refeição em classe alta dessa forma?

‘Chouji, você é realmente o mesmo cara que eu conheci...? Você realmente se tornou muito mais adulto do que eu jamais imaginava’.

Shikamaru ficou olhando o bilhete elegante em suas mãos e depois para o rosto alegre de Chouji que tomava seu sorvete. Ele estava pasmo.
Chouji continuou comendo seu sorvete sem nem estar consciente do olhar de seu amigo. Em pouco tempo, ele começou uma segunda tigela.

“Além disso, isso veio em um bom momento,” Chouji disse enquanto lambia os lábios, “isso é uma refeição para três...”.

Em um primeiro instante, Shikamaru não entendeu o significado por trás do que Chouji tinha dito. Um momento se passou e a compreensão o atingiu. O suor apareceu na testa de Shikamaru.

“Você não poderia...” Shikamaru humildemente perguntou, sentindo-se chocado por uma razão completamente diferente. “Você não está indo... comer... com eles...?”.

Chouji olhou para cima de seu sorvete com uma grande risada. “De jeito nenhum. Mesmo que seja eu, não estou pretendendo invadir uma refeição entre dois recém-casados”.

“C-certo... yeah, isso seria...”.

“Eu vou pedir um favor ao proprietário e comer em uma mesa separada”.

“... Sério?”.

Sem pensar, Shikamaru olhou para o teto. O ventilador de teto girava
sem parar, como sempre.

*

O ventilador de teto continuou a girar de forma constante em silêncio.

Chouji continuou quieto, mas com determinação a tomar seu sorvete.
Logo, a hora do almoço já tinha passado, e os clientes costumeiros do restaurante se tornaram escassos. A paz tinha voltado novamente para o Yakiniku Q.

Ouvindo o fraco som do ventilador de teto girando agora no tranquilo restaurante, Shikamaru continuou a se preocupar consigo mesmo.

Uma cortesia de refeição de classe alta.

Esse era o presente que Chouji tinha preparado. Isso realmente não tinha nenhum lado ruim para ele.

Mas...

Enquanto não poderia ter o seu lado ruim, por que no mundo era para três pessoas? Esse restaurante Ryotei deveria ter pensado sobre como os casais frequentemente gostariam de ir e ficarem sozinhos, amantes sem interrupções. Esse Ryotei não tinha nenhum sentido? Se fossem três pessoas, é claro que Chouji acabaria indo...!

Shikamaru criticou internamente as políticas de um restaurante que ele nunca tinha ido, com um olhar amargurado em seu rosto.

Sua mente imaginou Naruto e Hinata bem vestidos para a oportunidade incomum para comer em um restaurante Ryotei de classe alta.

Em então, na cadeira próxima a eles. Chouji. Encomendando uma segunda porção de sua comida enquanto observava atentamente o casal.

... Isso realmente funcionaria bem...?

Não, agora, Chouji estava bem como ele era. De certa forma, isso foi um presente bem ao modo de Chouji. Neste momento, o maior problema era Shikamaru mesmo, que ainda não tinha pensado em nada. Ele tinha que dedicar o seu processo de pensamento para chegar a algum lugar.

Shikamaru se endireitou em seu assento e silenciosamente fechou os olhos.

Sempre que Shikamaru estava pensando profundamente sobre algo – por exemplo, seu próximo movimento em seu jogo favorito de shogi, ou uma complicada estratégia no meio de uma missão – ele tinha o hábito e se sentar de uma determinada maneira enquanto pensava. Ele não tentava propositadamente chegar a essa posição. Isso acontecia naturalmente. Era nessa posição que ele poderia pensar de forma melhor.

No mesmo modo, ninguém jamais esperaria que Shikamaru acabasse recorrendo a essa posição de pensamento no meio do Yakiniku Q. Ele próprio não tinha esperado que as coisas chegassem a isso.

Shikamaru reuniu seus pensamentos dentro de sua cabeça. Algo que seria adequado como presente de casamento... várias possibilidades e opções flutuaram através de sua mente.

Em primeiro lugar, seria melhor se o presente fosse algo prático e útil. Utensílios de cozinha ou panelas. Um bom presente seria algo que o casal ainda não possuísse.

Porcelana era popular ultimamente, não era? Tigelas correspondentes para um casal usar era uma boa possível opção.

Relógios, talvez, ou uma moldura para as fotos de casamento também. Essas coisas pareciam corresponder ao padrão. Presentes que poderiam servir como memórias felizes de seu casamento era uma coisa boa. Mas eles também tinham que dar presentes que seriam do interesse de ambos.

De qualquer maneira, eles não poderiam dar o mesmo presente que outra pessoa. Afinal de contas, Ino tinha lançado um discurso sobre até mesmo dar algo da mesma loja, então dar o mesmo presente para alguém era logicamente tão ruim quanto, se não fosse pior.

O casamento era em breve, então talvez dar um buquê de casamento funcionaria como presente? À sua maneira, isso era algo como um presente de casamento.

Havia também a opção de dar algo do gênero alimentício. Ingredientes de alta classe, como doces ou chá, as pessoas ficariam felizes de receber algo assim, não iam? Mas então isso iria acabar parecendo semelhante ao presente de cortesia de refeição de Chouji.

Mas não, honestamente seria alo bom se ele acabasse dando a eles um presente de certificado de alguma coisa, como Chouji fez, não seria? Ele poderia ganhar um vale-presente de uma loja de departamento. Ele só tinha que comprar coisas o suficiente que gostava, e seria fácil escolher coisas que ele gostava... Mas então, como ele poderia pagar para comprar o suficiente para ganhar o vale-presente... o dinheiro era... dinheiro...

Shikamaru lentamente abriu seus olhos. Chouji ainda estava tomando seu sorvete.

O que fazer...

No fim, uma palavra tinha vindo flutuar de forma automática em sua mente: dinheiro.

Era um bom ponto para se focar. Ao invés de comprar para o casal algo que eles não fossem usar, ou algo semelhante ao presente de outras pessoas, seria muito melhor dar a eles dinheiro para gastar em qualquer coisa que quisessem.

Mas então veio o pensamento de como isso pareceria se todos os outros dessem presentes para Naruto e Hinata, e Shikamaru só chegasse e “aqui está”, com um envelope de dinheiro.

‘Se tratando de mim, então eles provavelmente concluirão que eu pensei que comprar um presente era muito problemático, e então resolvi dar dinheiro por preguiça, não é?’.

Ele estava preocupado sobre essa possibilidade.

Na realidade, era provável que todos fossem pensar esse tipo de coisa. Mas, honestamente, dar dinheiro de presente era uma escolha
incrivelmente cansativa. Parecia que não teria nenhum tipo e sinceridade.

‘Teria sido tudo bem se fosse dar para alguém que eu mal conheço, mas para eles... não ficaria bem, não é?’.

Shikamaru ainda estava preocupado, sem uma conclusão. Da mesma forma, Chouji ainda estava comendo sem um fim.

“Você já comeu bastante”. Shikamaru de repente notou as incontáveis taças de sorvete amontoadas na frente de Chouji. “Você não sente frio com isso?”.

“É uma sensação agradável e fresca depois de comer todo o churrasco quente. Além disso, eu sou o tipo de cara que está sempre viajando para o País da Neve e ainda compra sorvete demais para comer. Meu apetite não perde para o frio”. Chouji sorriu para seu amigo enquanto terminava sua última taça, finalmente parecendo contente. “Gochisousama*”.

Espere. Espere um minuto. Agora. Somente agora, algo tinha acendido dentro da cabeça de Shikamaru.

“Chouji... o que você acabou de falar?”.

“Huh? Bem, eu disse ‘gochisousama’...”.

“Não. Antes disso. Sobre viajar para o País da Neve”.

“Ah, sim, eu disse que eu ainda tomo sorvete mesmo se estiver viajando para o País da Neve. Mas você sabe que eu estava apenas dando um exemplo, não é?”.

“É isso”. Shikamaru olhou encantado enquanto apontava para Chouji.

“Viajar. Uma viagem. Isso é bom, não é? Uma viagem para a lua de mel...!”.

*

Shikamaru e Chouji deixaram o Yakiniku Q sem qualquer próximo destino em mente. Eles estavam apenas andando por aí sem rumo. Não importava se eles tivessem ou não um objetivo em mente. Shikamaru finalmente estava livre de suas preocupações de comprar alguma coisa.

“Eu entendo, você vai dar para Hinata e Naruto uma viagem de lua de mel como presente, certo?”.

“Isso, Chouji. Graças a você, eu finalmente pensei em uma boa ideia”.
Agora, tudo o que Shikamaru tinha que fazer era selecionar o destino.

Então ele deveria ir e ver de uma vez para garantir que tudo fosse de boa qualidade.

Ah. Ele precisava pedir a opinião de uma mulher novamente, não é?

Onde ele seria capaz de encontrar Ino? De acordo com o que ela disse quando ele a visitou mais cedo para pensar em um presente, ela provavelmente tinha seu próprio jeito de comprar seu presente de casamento...

Enquanto ele e Chouji andavam, Shikamaru começou a olhar ao redor das lojas.

“Você está procurando por alguém, Shikamaru? Eu posso ajudar”.

“Sim, eu preciso ouvir a opinião de uma mulher. Poderia ser Ino se ela estivesse por perto”.

Ele disse isso, tendo em vista que Konoha era uma cidade enorme.

O fato de Shikamaru e Chouji ter conseguido se encontrar enquanto estavam apenas andando por aí sem o mesmo destino em mente havia sido uma coincidência enorme. Se eles conseguissem esbarrar em Ino agora, então isso seria uma coincidência no topo das coincidências possíveis para todo o Time 10, ter Ino-Shika-Chou reunidos em um só lugar.

As chances deles se esbarrarem um no outro sem qualquer comunicação prévia eram, obviamente, praticamente zero, nenhuma. Mesmo se uma reunião de amigos em coincidência acontecesse em uma peça de ficção ou filme, o público iria criticar isso severamente, chamando de uma série de coincidências impossíveis.

Assim que Shikamaru pensou isso, Chouji soltou um murmúrio.

“Oh, olha quem está aqui”.

“Você está brincando comigo, certo?!” A voz de Shikamaru se levantou em um volume histérico de surpresa.

Realidade era de fato uma coisa incrível. Coincidências surpreendentes que pareciam sair de romances, como um encontro aleatório de companheiros de time, aconteciam o tempo todo.

No entanto, a visão que atingiu Shikamaru depois que ele deixou escapar a exclamação de surpresa foi uma coincidência que o deixou mais atordoado ainda.

A linha de visão de Shikamaru capturou a parte de trás da cabeça de uma mulher. Seu cabelo não chegava até os joelhos como o de sua companheira de time. O cabelo dessa mulher era um pouco mais curto, e amarrado em duas partes. Ela era uma pessoa completamente diferente, e a visão dela fez os olhos de Shikamaru se alargarem apesar de tudo.
A mulher na frente deles era uma jounnin da vila Sunagakure, aliada de Konoha... Temari.

Muitas pessoas estavam sempre indo e vindo de Konoha, não apenas shinobis de outras vilas como Temari. Havia shinobis vindo receber missões, shinobis retornando de missões, clientes que deram missões e mais uma grande variedade de pessoas. Havia um fluxo constante de visitantes indo e vindo.

Mas é claro, isso não significava que qualquer um pudesse entrar. Aqueles que ficavam nas portas da vila sempre mantinham um olho atento para as pessoas procurando pessoas suspeitas, objetos perigosos, inspecionando e questionando os visitantes.

Temari, por exemplo, era uma shinobi de outra vila que carregava um grande leque em suas costas. Era sua arma preferida, um leque de guerra que permitia ela criar uma rajada de vento devastador apenas com um pequeno movimento.

Mas por mais perigosa que sua arma fosse, Temari era uma ninja de uma vila aliada e tinha anos de confiança e cooperação entre ela e Konoha, então ela conseguia naturalmente a permissão para levar seu leque dentro dos limites da cidade. Ela também passava facilmente pela entrevista para ter o passe de visitante que tinha sido emitido há muito tempo.

Essa mesma Temari agora se virou para um Shikamaru surpreso depois de ter gritado, e notou os dois. Seus olhos encontraram os de Shikamaru.

“O que, então foi você quem gritou. O que está fazendo?”.

Shikamaru tinha soltado tal exclamação histérica porque ele tinha sido surpreendido com a coincidência de Chouji supostamente encontrar Ino.

Agora, ele fez o seu melhor para responder a pergunta de Temari em um tom sereno e calmo, apesar do interior de seu coração parecer como se estivesse tremendo sem parar.

“O-oh, sim. Nós só estávamos almoçando e então... bem, deixando isso de lado, o que você está...?”.

“Eu estou andando por aí para dar as minhas saudações que antecedem as reuniões do Exame Chunnin”.

“Exame chunnin? Nós ainda temos um bom tempo até ele começar, não é?”.

“Bem, você poderia dizer que este ano nós estamos tendo reuniões sobre as reuniões”. Temari deu um sorriso irônico. Ela tinha um monte de funções problemáticas para realizar.

Temari era a filha do Yondaime Kazekage, e irmã mais velha do atual Godaime Kazekage. Ela era a pessoa mais afiada e capaz que ajudava seu irmão mais novo com suas atividades prósperas na diplomacia com outras vilas. Como hoje, ela casualmente foi para Konoha para participar de reuniões de planejamento para o Exame Chunnin.

Shikamaru se arrastou um pouco mais para perto de Chouji para que Temari não pudesse ouvir, e sussurrou em seu ouvido.

“Oi, Chouji! Por que você foi e disse ‘olha quem está aqui’? Eu definitivamente pensei que fosse a Ino e então acabei...”.

“Mas você disse que precisa de a opinião e uma mulher, por isso não faz nenhuma diferença, certo...?”.

“I-isso é tecnicamente verdade, mas...” Shikamaru olhou para Temari.

Temari era a melhor usuária de vento em Sunagakure. Não, ela era provavelmente a melhor usuária de vento em todo o mundo shinobi, se não, a segunda melhor. Ela se destacava por suas realizações na diplomacia e criação shinobi em áreas não combatentes, mas sua personalidade era de um militar. Ela tinha um coração audacioso e corajoso, e geralmente isso era adequado para o campo de batalha, com sua atitude agressiva.

Era provavelmente por causa de sua personalidade ser desse jeito que ela era tão bem em política, mas estaria realmente tudo bem em pedir para Temari, uma mulher que despertava vendavais atrás de vendavais para acabar com os inimigos no campo de batalha, a sua opinião sobre uma lua de mel para Naruto e Hinata? Sua personalidade era completamente diferente de Hinata.

Temari tinha um temperamento forte e constantemente se preocupando com os outros, ambas as qualidades a fazia ser o tipo de mulher como a mãe de Shikamaru era. Não era provável que ela iria pensar em alguma coisa que alguém doce como Hinata gostaria.

Olhando por esse lado, a personalidade de Ino era diferente da de Hinata também. Mas Ino tinha sido colega de Naruto e Hinata desde a infância, então consultar ela parecia mais fácil.

Ino provavelmente ficaria grata em dar sua opinião sobre a lua de mel de Naruto e Hinata. Ela era o tipo que pontuaria todas as últimas tendências e tudo o mais.

Mas a reação de Temari em pedir sua opinião era algo que Shikamaru não poderia imaginar.

‘O que, uma lua de mel?’ Temari diria de forma sarcástica, seus olhos perdendo o calor. ‘você está certo sobre me perguntar algo tão trivial assim?’.

Essa era a única reação que vinha à mente de Shikamaru.

“O que vocês dois tanto falam?” Temari tinha um olhar de dúvida em seu rosto. “Vocês parecem suspeitos”.

Ele tinha que rapidamente consertar a situação de alguma forma, mas–
“Shikamaru quer te perguntar uma coisa”.

Mas Chouji agiu primeiro.

“Bem... você...” Shikamaru se sentiu perturbado com Temari voltando seu olhar para ele.

Ele não poderia dizer algo como ‘seria razoável para mim se eu te perguntasse sobre planejar uma lua de mel, certo?’. Não havia escolha além de ser franco sobre isso.

“Bem, isso é, eu quero dizer...”. Ele gaguejou.

Por alguma razão, ele ficou tenso. Shikamaru se sentiu extremamente embaraçado. Ele não podia nem ao menos olhar nos olhos de Temari.

Finalmente, ele deixou escapar:

“... Eu estive pensando sobre isso, mas, para uma lua de mel, o que você acha que é bom?”.

“Eh?!” Temari deixou escapar um som incrivelmente atordoado.

“O que?!” Assustado com a reação dela, Shikamaru podia olhar para o seu rosto agora.

“Você– Isso– lua- lua de mel...?!”.

Temari não olhava para ele.

Viu, ele estava certo afinal, pedir ela foi rude e ofensivo. É claro que Temari ficaria preocupada se ele pedisse sua ajuda para escolher o presente de casamento de Naruto e Hinata. Até mesmo Shikamaru estava ficando preocupado com isso, e ele foi colega de classe deles...
‘Ugh, Chouji, você não deveria ter se metido’. Shikamaru olhou para o homem com vários comentários desagradáveis prontos na ponta de sua língua. Chouji fingiu não perceber e desviou o olhar, fitando uma vitrine de uma loja.

Enquanto olhava de forma desagradável na direção do homem,

Shikamaru tentou mudar a situação.

O resultado final do dano já estava feito, então ele podia muito bem ouvir a opinião dela.

“Desculpe” Shikamaru se desculpou, “Eu sei que é inesperado, mas eu quero ouvir seus pensamentos”.

“Por– Por que você está perguntando sobre is– isso para mim?” Temari parecia incrivelmente confusa e perturbada. Era perfeitamente compreensível.

“Bem, eu acho que é porque eu pensei que perguntar a você seria melhor...”.

Bem, ele não poderia dizer ‘qualquer um poderia servir, desde que fosse uma mulher’ quando ela parecia que estava seriamente considerando isso. Seria incrivelmente rude. Até mesmo Shikamaru sabia disso.

“P-perguntar seria melhor...” Ela repetiu.

Por alguma razão, Temari estava olhando para baixo e se remexendo de forma inquieta. Shikamaru estava convencido de que era porque ela estava preocupada com a questão. Isso não era bom. Neste ritmo, não haveria progresso. Seria melhor oferecer sua opinião primeiro.

“Eu acho que seria bom para relaxar em uma pousada de fontes termais, mas o que você acha? Não soa muito antiquado?”.

“Isso... isso parece legal...”.

“Tudo bem, ótimo. Fico feliz. Uma pousada pelas nascentes quentes com boa comida é o melhor, huh”.

Temari tinha aprovado sua ideia. Shikamaru podia sentir toda a sua preocupação se esvaindo. Ele estava se preocupando toda a manhã com isso, e agora finalmente deu um sorriso aliviado. Seria um bom presente de casamento para Naruto e Hinata.

Temari, por outro lado, parecia como se sua compostura tivesse sido perturbada.

“Não me diga que você ainda tem alguns negócios para tratar...?” Ele perguntou.

Isso era provável. Temari tinha ido até lá a negócios, afinal de contas. Ela provavelmente estava chateada porque ele continuava a mantendo ocupada com seus problemas.

“Ah, não, eu terminei por hoje... Eu já pretendia voltar para casa”.

“...?”.

Ela não tinha quaisquer problemas para se preocupar, mas ela estava inquieta. Shikamaru inclinou sua cabeça, confuso com a resposta dela.

Temari estava agindo estranho hoje. O que poderia estar causando isso...?

“Seria melhor verificar algumas pousadas mais tarde, certo?” Chouji sugeriu e puxou Shikamaru para fora de seus pensamentos para se concentrar novamente no seu problema do presente.

“Certo” Shikamaru assentiu, “seria melhor ir e dar uma boa olhada o mais rápido o possível”.

“Ainda está bem cedo, então até mesmo ir hoje funcionaria, certo?”.

“Sim. Provavelmente é melhor fazer isso”.

“Então,” Chouji disse, “eu estou indo me retirar para comer algumas castanhas doces, então vocês dois devem ir dar uma olhada”.

“Eh?!” Shikamaru e Temari exclamaram ao mesmo tempo.

Confuso, Shikamaru olhou para o seu amigo.

“Cho- Chouji...! Quer dizer que você não vai ir...?!”.

“Mmm, desculpe Shikamaru. Eu tenho que comer sobremesa após as refeições”.

“Você acabou de comer!”.

“Eu tenho um local separado para a sobremesa”.

“Eu estou dizendo, você acabou de comer sobremesa!”.

Enquanto eles continuaram trocando retóricas, Shikamaru olhou de relance para Temari. Ela provavelmente estava zangada com o repentino comportamento egoísta de Chouji também, porque seu rosto estava lentamente ficando vermelho brilhante.

‘Oi, oi, oi, esse não é o momento para piadas. Chouji, mude sua mente. Mulheres não podem ser deixadas com raiva, isso vai acabar se tornando uma situação problemática, eu aprendi isso quando era uma criança!’
Shikamaru estava desesperadamente tentando comunicar esses pensamentos com seus olhos, mas Chouji não mudaria sua mente.

“Você vai verificar a lua de mel, então é melhor se forem vocês dois de uma vez”.

Chouji disse esse tipo de coisa com um sorriso largo.

Isso era argumento muito lógico para Shikamaru contestar. Qualquer um concordaria que faria mais sentido para um homem e uma mulher irem juntos checar uma pousada com antecedência, ao invés de dois homens.
Desse modo, você tem o ponto de vista da noite e do noivo.

Mas agora, com Temari reagindo dessa maneira que Shikamaru não entendia, e seu rosto parecendo vermelho brilhante com o que deveria ser raiva, ir sozinho com ela seria...

Shikamaru sentiu sua face ser drenada de cor.

“Bem, então, vejo vocês dois mais tarde” Chouji disse, começando a andar “eu estou indo”.

“Ah...” No momento em que Shikamaru conseguiu emitir um som, já era tarde demais.

Chouji apenas olhou por cima do ombro para seu amigo, acenando com a mão e depois desapareceu na multidão.

Shikamaru tinha ficado completamente e totalmente perdido.

‘Por que Chouji...? Por que você quer tanto comer castanhas...? Mesmo depois de você ter tomado tanto sorvete, por que...? Será que seu estômago não tem fim...?’.

Aqueles eram os pensamentos que fluíam através de sua atordoada e entorpecida mente.

Mesmo que as ruas de Konoha estivessem sempre com movimentação constante, o lugar onde Shikamaru e Temari estavam parados parecia estranhamente quieto. Era quase como se tivesse uma barreira ao redor deles. Ambos foram envoltos em um denso silêncio.

Shikamaru estava com muito medo de olhar nos olhos de Temari.

“Uh...” sua boca se moveu, apesar de tudo. “Como eu devo... O que você quer fazer...?”.

Aquelas foram as palavras que saíram de sua boca.

‘Eu sou um idiota’.

Mas, só então...

Shikamaru sentiu um puxão brusco em sua manga.

“... Nós podemos ir”. Temari disse calmamente, sem olhar para ele.

*

‘Como a atmosfera ficou assim?’

Em pouco tempo, Shikamaru e Temari tinham feito seu caminho de Konoha para onde a cidade termal ficava.

No caminho eles não tinham conversado muito.

Shikamaru tinha tentado começar uma pequena conversa para ver como ela reagiria, mas as respostas de Temari tinham sido curtas e simples, e a atmosfera inquietante entre eles havia continuado.

‘Por que tem uma tensão tão estranha aqui...?’

Shikamaru desviou os olhos, olhando para frente, de forma que assim ele não encontraria os olhos de Temari, sentindo o suor em sua testa. Ele tentou analisar objetivamente e com calma a situação.

Para começar, não era incomum para ele e Temari estarem sozinhos. Pelo contrário, era bem comum. No passado, ele a guiava ao redor da vila, e eles tinham ido às reuniões de trabalho juntos. Ele até mesmo tinha ido fora de seu comportamento habitual e a convidado para um encontro.

Bem, ele disse encontro, mas no final eles tinham feito as mesmas coisas que faziam sempre, conversando sobre coisas triviais até que de alguma forma eles começaram a falar sobre trabalho sem perceber. Mas, naquela época, as coisas não tinham ficado de forma alguma tão perto da tensão que estavam agora.

Pelo contrário, todo o dia do seu encontro não tinha sido de todo mau.
Apesar de tudo isso, por que as coisas estavam tão tensas hoje? Por que a atmosfera parecia tão estranha? Por que Temari não estava falando com ele?

Shikamaru desesperadamente sacudia seu cérebro atrás de respostas.

A causa mais provável era que, no fundo, Temari sentiu-se farta de ser arrastada em uma questão problemática. Ele havia perguntado a ela sobre seus planos para o resto do dia e depois dela dizer que não tinha nenhum, não tinha nenhuma maneira dela educadamente se recusar a ir, então agora ela estava irritada com os problemas que tinha que passar. Era por isso que as coisas estavam diferentes hoje. Era por isso que ela não estava falando muito.

Mas, se você olhar para a raiz disso tudo, era tudo culpa de Chouji. Chouji e seu estômago que teve o súbito e inexplicável desejo por castanhas doces. E, além disso, era a culpa de Chouji por ter sido intrometido e trazido a questão de que ‘seria melhor se vocês dois fossem juntos’ e, em seguida, desaparecer daquela forma. Se ele não tivesse feito essas coisas, então neste momento ele e Shikamaru, ou apenas Shikamaru sozinha, teria ido checar as pousadas aleatórias.

‘Eu nunca pensei que iria acabar aqui com a Temari... ’.

Foi uma sucessão de eventos que ele nunca teria sido capaz de imaginar acontecendo nessa manhã. Ele nunca pensou que iria comer no Yakiniku com Chouji e, em seguida, chocar-se com Temari e depois acabar nesta situação.

Poderia ter dito algo como “shinobi deveriam olhar as entrelinhas das entrelinhas”, mas isso não era algo que qualquer um pudesse ter visto chegando. O mundo estava além de prever tudo.

Enquanto Shikamaru divagava, ele e Temari atravessaram uma ponte de madeira. Havia um rio fluindo abaixo dela, com uma leve camada de vapor saindo dele. Era desse rio que saía a fonte de água quente. Havia um cheiro levemente enjoativo na água, semelhante a ovos. Isso era o sulfureto de hidrogênio que era misturado na água termal.

A fonte era o cinturão vulcânico localizado abaixo de Konoha. Uma boa quantidade de nascentes de água quente estava presente nessa área, tanto que nos velhos tempos as fontes termais tinham sido conhecidas como uma área de cura para os shinobis feridos. Agora era um ponto turístico para atrair pessoas de dentro e fora da vila.

Agora mesmo estava passando um monte de turistas enquanto eles viajavam.

A maioria dos turistas geralmente estava vestida em yukata, com sandálias geta de madeira ou com sandálias com sola de couro, e roupas que tinham o nome da pousada ou instituto onde eles estavam se hospedando. Este parecia ser o código geral de vestimenta da cidade. Era bom para visitar as nascentes de água quente ou apenas andar por aí.

Saúde e entretenimento. A cidade tinha, obviamente, sido desenvolvida através da combinação dessas duas coisas, e muitas outras coisas além das pousadas poderiam ser encontradas. Restaurantes, centros de jogos, lojas de souvenirs e várias outras lojas estavam alinhadas ao redor. Outro lado agradável para essa cidade seria apenas andar por aí e visitar tudo.
Shikamaru e Temari tinham passado por um monte dessas tais lojas. A maioria das vitrines das lojas tinha cestas de palha onde tinha bolinhos de carne que tinham sido cozinhados com o vapor das fontes termais e estavam agora alinhados em fileiras, parecendo agradáveis e bonitos. Lojas de souvenirs tinham postais e esculturas em madeira destinadas a turistas, junto com itens de shinobi. Aqui e ali você poderia ver sacos e garrafas que foram enchidos com depósitos de água mineral quente também. As fontes termais eram uma fonte verdadeiramente valiosa de renda para a cidade.

Shikamaru estava olhando a procura de uma pousada para checar no meio de todos aqueles estabelecimentos. O sol já estava se pondo no oeste, e em um curto espaço de tempo, a noite tinha caído.

As lanternas em frente às lojas e aos edifícios começaram a acender, uma por uma. Suas luzes eram as únicas iluminações na cidade depois que a escuridão tinha caído, e a vista de todas aquelas lanternas em meio à escuridão e aos vapores que envolviam a cidade era bastante impressionante.

“Isso é incrível...”. Temari murmurou.

“Sim...” Shikamaru calmamente concordou. E então se virou para ela “...
Ei, nós tivemos toda essa dificuldade para vir aqui, então que tal aproveitarmos um pouco das lojas da cidade?”.

Temari finalmente havia falado por sua vontade própria quando comentou sobre o cenário. A bela paisagem da cidade parecia ter deixado de lado um pouco a tensão. Shikamaru queria tirar proveito disso e se livrar da tensão completamente. Eles tinham tido toda a dificuldade para ir até lá, afinal. Eles não seriam punidos por aproveitar um pouco em uma loja ou duas.

“Você está certo” Temari disse, olhando em volta. “Então... que tal aquela loja?”.

A loja que ela estava apontando era uma pequena, com um cartaz que dizia “prática de tiro ao alvo” na frente. Parecia o tipo de lugar que a sorte era decidida em três kunais para você jogar e para acertar vários prêmios das prateleiras, e se você atingisse o prêmio, então você poderia tê-lo.

“Tem certeza que você está bem com isso?” ele perguntou.

“Sim. Eu queria tentar esse tipo de coisa nem que seja uma vez”.

‘Eu realmente não entendo, mas parece que seu espírito voltou ao normal... ’.

Os olhos de Temari estavam brilhando quando ela se abaixou sobre o cartaz de madeira em frente à entrada da loja, e Shikamaru se sentiu aliviado diante da visão dela. Ele a seguiu.

O interior da loja estava surpreendentemente lotado.

Passando seus olhos sobre os outros clientes, ele viu que a maioria deles eram provavelmente amantes, um monte de homens e mulheres jovens.
Por alguma razão, Shikamaru não conseguiu voltar a sua postura habitual.

Temari já havia pegado uma kunai de madeira e jogado. A kunai apenas roçou o lado do alvo do prêmio, escapulindo pela escuridão por trás dele.

Ela pegou outra e atirou mais uma vez. Desta vez seu objetivo passou mais longe, nem mesmo chegou perto.

“Hm?” Temari estava inclinando a cabeça em perplexidade.

“Oi, oi, o que houve?” ele perguntou. “É raro para você perder um alvo”.
Esquecendo o jogo de tiro ao alvo, ambos Temari e Shikamaru lidavam com kunais em suas vidas diariamente. E, além disso, aquelas eram reais. Era impossível para ela perder o alvo duas vezes.

“Não, a coisa é que elas são leves demais para jogar bem”. Disse Temari, entregando a kunai de madeira para ele.

‘Ah, eu vejo, eles são bem mais leves. Muito mais diferente do que os habituais. Seria difícil jogar com isso’.

Shikamaru compreendeu no segundo em que sentiu o peso leve da kunai de madeira em suas mãos.

“Mas, se esse é o problema,” disse Shikamaru, manuseando a kunai de madeira, “então se você encontrar o centro de gravidade e ajustar, você deve ser capaz de jogá-lo, desse jeito!”.

Ele jogou a kunai de madeira. E jogou com muito mais força do que fazia com sua kunai habitual.

Ela se perdeu completamente do alvo.

“Hm?”.

Agora Shikamaru estava inclinando a cabeça em perplexidade também.

*

Depois de sua prática de tiro ao alvo terem terminado, os dois voltaram a procurar pela pousada.

Temari estava carregando uma pequena daruma e outra igualmente pequena estatueta de gato. Esses foram os dois únicos prêmios que Shikamaru tinha conseguido arranjar depois de várias tentativas de pague-para-jogar.

Mas parando para pensar, depois de todas as tentativas, apenas estes dois prêmios foram conquistados. Shikamaru não podia evitar, ele sentia como se aquele custo-efetivo da loja estivesse em questão.

Mas Shikamaru ainda era um profissional. Jogando a kunai de madeira de novo e de novo ajudou ele a começar a manejar o peso. Mesmo com toda a prática, essas kunais de madeira eram incrivelmente complicadas. Você não poderia esperar para praticar o suficiente e conseguir um grande prêmio sem pagar uma grande quantia de dinheiro também. Shikamaru tinha percebido isso bem rápido. Não, na verdade, você poderia gastar tanto dinheiro quanto quisesse na prática, e provavelmente ainda seria impossível conseguir os grandes prêmios.

Shikamaru sentiu pena de todos os casais na loja que ele tinha visto, deixando escapar sons como “kyaa!” e “awww”, como se eles estivessem destinados aos prêmios que nunca seriam capazes de conseguir.

Se elas tivessem sido apenas um pouco mais pesadas... bem, para resumir, as kunais de madeira estavam longe de kunais reais que era quase impossível de derrubar qualquer coisa com elas.

Se possível, Shikamaru gostaria de ter jogado uma kunai verdadeira.

No lojista.

Mas de qualquer forma, visto que ele não tinha permissão de usar uma kunai de verdade, ele tinha pensado que seria melhor tentar no que ele podia, ao invés de continuar apontando para o impossível e ir embora sem nada.

‘O que ele podia’ foi a pequena daruma e a estatueta de gato**. Eles tinham sido os menores prêmios na loja. A perda deles não era um grande golpe para as ações do lojista. Ele realmente teve uma estratégia brilhante, afinal.

“Desculpe...” Shikamaru disse para Temari, “eu não poderia conseguir nada exceto esses...”.

Falando nisso, seria realmente ruim se ele tivesse chegado a acostumar a jogar com kunais de madeira leves a ponto de objetivos com kunais reais ter sido afetado.

“Heh, eles são o tamanho perfeito para levar de volta para casa”. Temari respondeu com um sorriso.

Ela não estava sendo sarcástica. Aqueles eram seus sentimentos
honestos. De vez em quando Temari tinha momentos em que ela sorria de forma inocente desse jeito.

“Essas vão ser boas lembranças para os meus irmãos”. Ela disse.

Parando para pensar nisso, ela estava certa. O número de prêmios estava apenas certo. Mas isso trouxe a questão... entre Gaara e Kankuro, quem seria presenteado com o daruma e quem seria presenteado com a estatueta de gato? Ele não tinha certeza, mas de qualquer forma, isso seria algo para sorrir se você visse.

Temari sempre pensava sobre seus irmãos.

Temari estava cantarolando algo sob sua respiração enquanto olhava para os prêmios em suas mãos. Parecia que ela estava de bom humor.

“Tudo bem então... devemos dar uma volta e escolher uma pousada, certo?” Shikamaru disse. “Oh, que tal aqui?”.

Shikamaru tinha chegado a um impasse, olhando para uma das pousadas nas proximidades. Era magnificamente estruturada, com uma sensação muito histórica. As lanternas de papel levemente brilhantes nas laterais de seus portões dava a sensação de que estava dando uma recepção gentil para os seus hóspedes. Parecia que eles tinham um grande e belo lago também.

Do lado de fora tudo parecia bem, mas o foco principal dos visitantes eram as fontes termais e as refeições. Isso seria um problema se tudo apenas parecesse decente, mas na realidade fosse de má qualidade.

“Yup, melhor entrar e dar uma olhada”. Shikamaru assentiu. Apenas uma avaliação por cima e rápida seria o suficiente.

Ele se virou para ir para a pousada, mas naquele exato momento os passos de Temari haviam parado.

“O que há de errado?” ele olhou por cima do ombro para ver como ela estava.

“Ah- bem- depois de tudo- como dizer isso...” Temari estava olhando para baixo e se remexendo inquieta***.

De novo? Justo quando ele pensou que a Temari normal havia retornado.

O que diabos estava acontecendo?

“Então é apenas- no fim de tudo- eu não estou- eu não estou mentalmente preparada...”. Ela murmurou, não olhando para ele, brincando com o daruma e a estatueta de gato em suas mãos.

Mentalmente preparada? Para que?

Talvez ela se sentia estranha na frente de um lugar tão sofisticado?
Se tal lugar de classe alta assim tivesse preço muito caro para ele pagar, então é claro que Shikamaru iria desistir. Ele pensava que seria vergonhoso, mas faria. Mas eles jamais saberiam se não entrassem e verificassem o local. Qualquer que fosse sua decisão, seria melhor ver isso ou passar de uma vez, ele ainda tinha que olhar os quartos e as fontes termais. Ele não tinha nenhuma maneira de contornar isso. Isso se tornaria um problema se eles apenas desistissem bem na frente das portas do lugar.

“Temari, por agora vamos apenas entrar, e então depois você pode pensar sobre isso. Ok?”.

“V-vai ser tarde demais para pensar uma vez que nós entrarmos. Eu poderia me empolgar com a atmosfera e então...”.

“O que você quer dizer?!”.

Ele simplesmente não conseguia entender o que Temari estava dizendo. Shikamaru estava no fim de seu juízo.

O que no mundo estava acontecendo? A atmosfera? Ela quis dizer a atmosfera antiquada da pousada? Se deixar levar? Ficar empolgada? Ela estava falando sobre o lago? Ele não entendia nada.

No entanto, ele tinha certeza de uma coisa:

‘Definitivamente há algo de errado com a Temari hoje’.

Shikamaru olhou atentamente para o rosto de Temari, olhar esse que ele deu a ela mais de uma vez. Temari apressadamente desviou o olhar dele. Assim que ela fez isso, seu rosto foi ficando vermelho brilhante.

“Você...” Shikamaru disse lentamente “Não me diga que você...”.

Ele colocou sua mão na testa de Temari. Ela soltou um som assustado, todo o seu corpo tremendo com um solavanco. Isso era provavelmente porque sua mão estava fria.

“Você está queimando, não está?” ele perguntou.

A testa de Temari estava só um pouco quente. Mas não parecia que ela estava com febre. Por outro lado, ela ficou com suas orelhas vermelhas também.

“E-eu estou indo para casa, então...” Ela disse com firmeza, se afastando sem jeito e se virando para voltar.

Ela estava claramente agindo completamente diferente do normal. Para a Temari habitual que era tão forte, ela estava de repente parecendo tão frágil, isso tinha que significar que poderia não ser febre, mas alguma coisa estava errada com sua saúde. Não existia outra explicação.

“Oi, oi, me faça um favor e espere. Já está escuro aqui fora, e se a sua condição física é ruim, então isso é mais uma razão que você deve descansar aqui por pelo menos uma noite. Está tudo bem. Eu rapidamente consigo um futon para você”.

Shikamaru tinha dito isso porque ele estava preocupado com Temari, mas parecia que ele tinha dito algo que não deveria dizer, porque Temari de repente começou a correr para longe dele com força total.

Shikamaru encarou surpreso diante da cena dela correndo rapidamente.
Bem, pelo menos ela parecia bem de saúde, afinal. Mas espera, ele tinha que alcançá-la!

Shikamaru começou a correr também.

Ele finalmente tinha sido capaz de chegar até ali com ela, se eles voltassem bem na frente das portas da pousada, então não teria nenhum ponto em ter ido ali. Ele absolutamente precisava dos conselhos de Temari sobre o que faria para conseguir uma melhor viagem de lua de mel.

Afinal de contas, não era apenas para Naruto, era para Hinata também. Apenas o ponto de vista de um homem não seria o suficiente. Ele tinha que ter o ponto de vista de uma mulher. Ele tinha que ouvir a opinião do lado de uma mulher sobre o spa, as yukatas, sobre o serviço prestado às mulheres, todos esses tipos de coisa que um homem não poderia julgar por conta própria.

Shikamaru colocou toda a sua concentração em correr atrás de Temari. Ele estendeu sua mão para pegá-la.

‘Isso não vai funcionar se eu estiver sozinho, isso não vai dar certo somente por minha conta...!’

A mão de Shikamaru atingiu seu objetivo. Ele conseguiu pegar Temari pelo braço.

Apertando seu abraço, Shikamaru gritou “Por favor, apenas espera! Eu preciso de você!”.

Temari tinha sido forçada a parar e agora olhou para ele por cima do ombro. Por alguma razão, seus olhos pareciam um pouco molhados.

Ambos estavam ofegantes, totalmente sem ar. A luz brilhante das lanternas nas proximidades iluminava ligeiramente seus rostos, a sombra de Shikamaru caindo sobre Temari.

Talvez ela tenha se acalmado, porque seu rosto não estava mais vermelho. Seu rosto, iluminado pelas luzes emitidas das lanternas, parecia mais maduro que o habitual.

Shikamaru inconscientemente acabou encarando o rosto de Temari.

Ele ficou envolto em um sentimento misterioso. Como se estivesse no meio de um sonho.

“Está realmente tudo bem... se for eu...?” Temari perguntou calmamente.

Essas palavras haviam puxado Shikamaru abruptamente de volta para os seus sentidos, e ele reuniu sua mente novamente. Ele balançou a cabeça com firmeza.

“Sim, isso não vai funcionar se não for você!” ele disse seriamente, “afinal, eu não posso ver o lado de uma mulher nas fontes termais!”.

“... ah?” por um breve momento, a boca de Temari se abriu. “Uhm...? O que você... está dizendo...?”.

Shikamaru estava perplexo com o olhar que ela estava dando a ele, como se ela estivesse de repente desconfiada dele. Foi uma reação estranha a sua resposta. Mas, por agora, era melhor verificar o que ambos estavam pensando.

“Não importa como você olhe para isso, eu não sou capaz de ver o lado de uma mulher sobre as nascentes de água quente, certo?”.

“É óbvio!” ela parecia um pouco indignada. “O que você está de repente...”.

Ela estava bem ciente da situação, isso era bom. Como esperado de Temari.

Neste caso, ele só tinha que explicar cuidadosamente o resto...

“Eu não posso ir pelo lado das mulheres. Visto que sou um homem. Então eu preciso de você para ver o lado das mulheres. Então você pode entrar. Como eu disse, é óbvio. Quando você olhar o lado das mulheres, eu preciso que você me diga o estado que está, em apenas poucas palavras. Isso é tudo o que preciso. Ok? É uma coisa muito simples de se fazer, certo?”.

“O que exatamente... você está falando...?” Temari perguntou com a voz incrivelmente calma.

Ela não estava parecendo como se estivesse com suspeita dele mais. Agora seus olhos estavam simplesmente confusos.

O que era tudo isso? Ele explicou de modo muito simples e claro, mas ela ainda não entendeu. Shikamaru não sabia como consertar isso.

O que no mundo Temari não compreendia? Apenas há um momento atrás ela concordou que ele não poderia saber do lado das mulheres sobre fontes termais...

“Para começo de conversa,” Temari disse “o que, exatamente, nós estamos falando?”.

Qual era o ponto? E pensar que todas aquelas coisas que ele havia dito não atingiram ela em nada...

“O que você quer dizer?” Shikamaru perguntou. “Nós estamos falando sobre selecionar uma pousada para uma lua de mel de um casamento, não é?”.

“Exato, cujo casamento é?”.

“De Naruto e Hinata, obviamente. Hein? Eu não disse isso? Isso é estranho...”.

Parecia que eles tinham tido algum tipo de mal entendido. O tempo todo Temari tinha pensado em um casamento diferente de Naruto e Hinata. Shikamaru finalmente percebeu isso neste momento.

Temari era de uma excelência superior a outras pessoas. Ela ouvia apenas o começo de uma explicação e imediatamente deduzia o resto. Ele não teria que dizer isso em voz alta para ela perceber que tiveram um mal entendido também, ela entendeu rapidamente assim como ele tinha feito.

‘Então é isso que aconteceu’, Shikamaru pensou, finalmente entendendo. ‘Tinha havido um mal entendido’.

Temari parecia estar pensando também.

“Hmm, então isso era tudo...” Temari disse. Ela estava sorrindo, calma e em paz.

“Não, mas espera, então... Ah!!” Shikamaru sem querer deixou escapar uma exclamação.

‘Era possível que o desentendimento da Temari tenha sido... ’.

“Não, não é?” Ele perguntou para ela. “Ei... não era isso...”.

Quando ele falou isso, Temari silenciosamente pegou o leque de suas costas, segurando-o na mão.

“E-ei... o que é isso?” Ele perguntou. “Por que você de repente tirou isso...? O q-que está acontecendo com o seu chakra...?!”.

Temari sorriu carinhosamente para ele.

Shikamaru foi cativado pela visão e se encontrou com um sorriso se formando em seu rosto também.

Sorrindo um para o outro dessa forma, eles pareciam como a própria imagem de um casal de apaixonados bem íntimos.

*

Naquela noite em Konoha...

Um súbito vendaval fora de temporada varreu as fontes termais de Konoha e durou toda a noite. Os moradores e turistas passaram a noite inteira acordados, com muito medo de irem dormir...

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NOTAS: *Gochisousama – é uma frase dita depois das refeições que quer dizer basicamente “obrigada pela comida”. É um costume de dizer quando se termina, a Cacatua não traduziu para o inglês e eu resolvi manter em japonês pelo mesmo motivo que o dela: iria parecer que o Chouji estava agradecendo o Shikamaru pela comida, quando não é bem esse o caso.

**Daruma: http://new.uniquejapan.com/.../2010/06/large_red_daruma.jpg
Gato: https://luckymanekineko.files.wordpress.com/.../maneki...

*** “Temari estava olhando para baixo e se remexendo inquieta”, do inglês “Temari was looking down and uneasily fidgeting”, o “fidgeting” pode ser traduzido como se remexer inquietamente, mexer os pés e as mãos em timidez, sabe? Acho que pode ser interpretado como se estivesse mexendo os dedos também, tipo o que a Hinata faz quando vê o Naruto, mas não tenho certeza. Na dúvida, coloquei aquilo ali, mas imaginem uma Temari totalmente desconcertada e tsundere.


> Sobre o final: Quando Temari sai correndo e Shikamaru consegue alcança-la , ela já se vira para ele sem estar corada, ela tomaria uma decisão ali, tanto que pergunta a ele ( Esta tudo bem ser eu?) Então no meio da conversa truncada ela acaba finalmente entendendo o que ele queria o tempo todo, uma vez esclarecido o mal entendido, ela relaxa completamente e sorri para ele que sorri de volta. ( ficam se encarando e sorrindo um para o outro) enquanto ela abre uma aba do leque e produz uma ventania para espairecer todo clima de tensão em que eles estavam. Como utilizou seu chakra a ventania meio que durou a noite toda e como estava fora de época , assustou um pouco os turistas q estavam no local.

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