O time de Shikamaru correu por três dias inteiros, independente se era dia ou noite, até que eles finalmente chegaram ao País do Silêncio.
O País do Silêncio era um país relativamente pequeno, localizado na direção oeste do continente. A maior parte do território era rodeada por montanhas e florestas, e o restante de terra era preenchido por campos.
Nenhuma das cidades nesses campos chegavam perto do tamanho de uma vila do País do Fogo. O País do Silêncio tinha dado a sensação de ser um campo rústico e rural, até mesmo para os três fundadores originais de Konoha.
A Vila da Cortina*, capital do país, estava localizada bem no centro do País do Silêncio. Visto que eles foram se esgueirando para dentro do território a partir da fronteira do país, Shikamaru e seu time tiveram que correr constantemente entre os montes e vales. No momento em que eles chegaram a Vila da Cortina, tinham se passado cerca de quatro dias desde que tinham deixado Konoha.
Apesar de ser um país pobre, a capital ainda possuía todo o esplendor de uma metrópole. Enquanto o resto das aldeias do país tinham casas com telhados de palha de sapé, até mesmo a menor casa da capital tinha um telhado coberto de telhas. Havia muitos edifícios feitos com concreto reforçado, e as ruas estavam limpas e belas de se ver. As estradas estavam espalhadas por toda a cidade como uma teia de aranha, expandindo-se gradativamente no centro da cidade. Nas pequenas seções separadas por essas ruas, casas e apartamentos se encontravam alinhados lado a lado.
E no meio da cidade havia apenas uma enorme construção. Se alguém olhasse para a cidade a uma certa distância, esse edifício seria o único a se destacar entre os outros. Ele tinha cerca de 10 metros de altura, com telhado de azulejos carmesim, e nas laterais esquerda e direita continham duas estátuas de leões dourados.
“Ahh, este deve ser o castelo do país que nós procurávamos”.
“Não tem necessidade de soar tão exagerado sobre afirmar o óbvio, sabe”.
A metade da atenção de Shikamaru ficou no castelo em que fitava e a outra metade ouvindo Rou e Soku conversando enquanto caminhavam pela rua principal.
É claro que todos eles tinham mudado de roupa, descartando os coletes de Konoha.
Assim como os costumes eram diferentes em cada país, a roupa também era. Rou e Soku haviam dito que eles deveriam adquirir roupas locais a fim de não se destacar muito durante a infiltração, no que Shikamaru apenas assentiu a experiência que eles tinham como Anbu’s. Em meio ao longo do caminho para a capital, eles tinham parado em um local que parecia mais uma rica mansão e lá encontraram roupas o suficiente para os três.
As roupas usadas pelas pessoas no País do Silêncio eram muito simples, e eles não tinham quaisquer padrões e costumes em suas falas. A parte de cima era um robe uwagi*, amarrado em um cinto de pano. Da cintura para baixo, eles vestiam um pano largo, hakama*, com sua parte inferior enfiada em botas curtas que vinham atadas até a canela.
As cores da roupa eram tão divertidas como o seu design. Todos que andavam pela Vila da Cortina usavam preto, marrom ou cinza. Até mesmo as lojas nas ruas não tinham nenhum tipo de luz brilhante ou letreiro de neon, suas propagandas eram maçantes e sombrias.
Não havia nem uma única coisa brilhante para ser encontrada em toda a cidade.
“Você já reparou, Lorde Shikamaru?” Rou perguntou de sua posição mais a frente.
Shikamaru estava entre os dois Anbu’s graças a suas insistências. Rou estava na guarda da frente.
A pergunta do homem havia sido bem vaga. Ele não havia especificado o que era que Shikamaru deveria ter supostamente reparado, então não havia como respondê-lo exatamente.
“Ainda não vimos nenhum único assistente do Daimyou*” Rou especificou.
“Verdade”. Shikamaru concordou.
Enquanto os dois conversavam, eles se encaminhavam em direção ao castelo. Não era a intenção começar a operação instantaneamente, mas estavam indo àquela direção simplesmente porque as pessoas tinham o hábito de caminhar rumo ao maior edifício da vizinhança. Shikamaru não tinha absolutamente nenhuma intenção de apressar as coisas ou agir precipitadamente pulando no meio das pessoas e arriscando a missão dessa forma.
“Todas as pessoas que temos visto nas ruas até agora têm sido apenas cidadãos deste país. É extremamente estranho não ter visto nem um único assistente”.
A observação de Rou acertava em cheio.
Os governantes dos países dentro de seu continente sempre foram – sem exceção – Daimyou. Uniões dentro do mundo shinobi eram muito boas, mas shinobis nunca tomavam a frente no palco da política. E os Daimyou sempre viviam na capital de seus países, com seus locais residentes transbordando de assistentes que lhe serviam a todo o instante.
Esses assistentes se diferenciavam dos cidadãos comuns do país com seu grande orgulho, a partir de suas roupas coloridas e suas atitudes arrogantes e prepotentes. Eles estavam sempre correndo pela capital onde seu Daimyou vivia, indo e voltando trazendo recados para ele.
E agora, eles ainda não tinham visto nenhum desses assistentes.
“É possível que aqui não exista um Daimyou, sabe” Soku murmurou.
Esse poderia ser o caso. Países pequenos as vezes tinham casos onde os cidadãos do país faziam parecer como se eles tivessem um Daimyou no comando, enquanto na verdade eles mesmo manipulavam o lugar.
Mas esse país era diferente. Shikamaru tinha plena certeza disso.
Ele virou-se na direção de Soku, seus olhos fitando o castelo que agora tinham deixado para trás.
“A mensagem de Sai dizia claramente que esse país vem sendo controlado por um homem chamado Gengo”.
“Mas é possível que ele não seja um Daimyou, sabe”.
“Você tem um ponto”. Assim que Shikamaru disse isso, seu olhar caiu sobre um homem que estava andando na frente do grupo.
Ele estava vestindo um casaco longo e preto, e tinha um brilho afiado e cortante em seus olhos. Suas roupas se destacavam em meio às “hamakas” e “uwagis” usadas pelos outros cidadãos.
O modelo daquelas roupas lembrou Shikamaru dos casacos da Akatsuki, embora o casaco desse homem não tivesse aquelas nuvens vermelhas ou a gola alta cobrindo sua boca. Não havia nenhum zíper ou emenda no meio, apenas cinco grandes botões de prata.
“Vê esse homem na nossa frente? Nós vimos outros vestidos parecidos com ele também. Vocês não sentem que se lembram de alguma coisa quando olham para ele?” Shikamaru perguntou.
“Eu digo, eu percebi isso sim, Lorde Shikamaru”.
“Uma pessoa normalmente não esperaria um instante ao invés de imediatamente concordar...?” Soku perguntou.
“Essas roupas… essas roupas são o nosso alvo afinal”. Rou fez outra de suas más piadas.
“Nós todos queremos que você cale a boca, sabe”. Soku gemeu.
Ignorando o falatório deles, Shikamaru continuou falando.
“Rou, e sobre o homem que está do outro lado da rua? Ele soa familiar pra você de algum modo?”.
Assim que Shikamaru disse, ele inclinou ligeiramente a cabeça em direção a uma casa de chá na rua movimentada.
Rou olhou por cima do ombro para seguir a linha de visão que Shikamaru havia lhe indicado.
“Isso... Isso não pode ser...”.
“Eh? O que está havendo? Eu não entendo sobre o que vocês estão tão nervosos, sabe...”.
“Então eu estava certo”. Shikamaru disse em meio a um gemido. “Eu estava com essa sensação de que o rosto dele era familiar”.
Ele e Rou estavam olhando para o homem sentado em um dos bancos em frente a casa de chá, bebendo um pouco de sua xícara. Ele também estava vestindo um longo casaco que se destacava.
Enquanto eles observavam, o homem gritou para o proprietário da casa de chá. Um velho lojista correu imediatamente para fora do estabelecimento, inclinando a cabeça várias vezes e jorrando elogios e desculpas para o homem.
Esse estilo de agir era exatamente como os cidadãos em geral se comportavam na presença de um assistente de Daimyou.
“Ele costumava ser um Anbu”, Rou disse, atordoado. “Seu nome é Minoichi”.
“Esse homem...”.
“Deve ter supostamente desaparecido em ação durante a guerra, certo?” Soku adivinhou, terminando a sentença de Shikamaru por ele.
Os três continuaram andando em pela frente da casa de chá, tomando cuidado para não deixar que percebessem os olhares sobre Minoichi.
“Seria mais rápido ter as respostas sobre esse incidente em primeira mão, não é?” Shikamaru disse.
Parecia que fogos de artifício estavam saindo de dentro do coração de Shikamaru. Sua boca se curvou em um sorriso.
—
“Você não será capaz de se mover mais”. Shikamaru falou lentamente para o homem que se contorcia freneticamente na frente dele.
Eles estavam em um beco entre dois edifícios de concreto. Shikamaru escolheu especificamente este lugar, porque ele não era um lugar aberto e estava praticamente abandonado até mesmo no meio do dia.
Rou e Soku estavam de guarda aonde o beco se abria para a rua principal. Eles se misturaram entre as sombras, como esperado de suas experiências na Anbu, ficando completamente imóveis e totalmente concentrados na tarefa que tinham.
Uma sombra ainda mais escura e profunda do que a sombra do beco estava estendida entre os pés de Shikamaru. Ela se arrastou ao longo do beco como uma longa cobra negra, percorrendo todo o caminho ao redor do corpo do homem na frente do Nara. Os tentáculos de sombra se transformaram em mãos negras circulando ao redor do pescoço da sua vítima.
O Kage Mane Neck Binding no Jutsu.*
A família de Shikamaru, o Clã Nara, vem sendo usuários de jutsus das sombras por gerações. O Kage Mane Neck Binding no Jutsu deixa você usar sua própria sombra para parar os movimentos do oponente. As sombras dos Nara eram personificações físicas. Seus jutsus não paravam somente em uma ligação com suas sombras – eles poderiam infligir dano físico com elas também.
“Só para você saber” Shikamaru dizia secamente. “eu posso muito facilmente quebrar seu pescoço com a minha sombra”.
“C-como... Qu-quem é você... idiota...”.
“Você não me conhece?” Shikamaru perguntou para o Anbu. “ Eu conheço você, Minoichi-san”.
“E-Eu não conheço esse nome”.
“Não finja de idiota. Você é originalmente um shinobi de Konoha, não é?”.
“E-eu já disse, eu não sei disso”.
A sombra de Shikamaru se moveu ao redor da garganta do homem, mãos escuras apertando em torno do pomo de adão de Minoichi.
“Ugh...” Ele soltou um gemido angustiado.
“Você nasceu em Konoha”. Shikamaru disse. “Você deve ter ouvido falar sobre os jutsus do clã Nara em algum momento, certo? E o que isso pode fazer...”.
Se você continuar assim, eu vou te estrangular até a morte.
Essa era a ameaça que Shikamaru estava fazendo.
“Então porque você, um shinobi de Konoha, está em um lugar como esse, vestindo roupas como essa?”.
“E-Eu não sou um shinobi mais”. Minoichi disse com a voz rouca. “Eu sou... um iluminado”.
“Iluminado? O que você quer dizer com isso?”.
“P-Pessoas como você que vivem preguiçosamente em um... mundo shinobi que nunca muda... nunca poderiam entender a nossa nobre vontade”.
“Olhe para você falando bobagens. Eu perguntei para você quem esses ‘iluminados’ são”. Shikamaru desejou um pouco mais de força nas pontas dos dedos de sua sombra que estavam ao redor do pescoço do homem.
“Geugh...” Minoichi gemeu.
“Eu estou bem com o fato de estrangular você, se você continuar com isso”. Até mesmo Shikamaru se sentiu mal com as palavras que saíam de sua boca.
Seu coração estava ficando coberto de escuridão...
“Não há nenhuma maneira que você poderia entend- neugh!”
Shikamaru tinha sua sombra apertada firmemente ao redor do pomo de adão de Minoichi.
“Se você continuar com essa conversa fiada, eu realmente vou te matar”.
As pupilas de Shikamaru tinham se dilatado, deixando seus olhos quase tão escuros quanto suas sombras.
“E-Eu... entendi...”.
“Não deveria ser: ‘eu entendi, senhor’?” *.
“Eu... entendi... senhor...”.
Shikamaru enfraqueceu o domínio de sua sombra, e Minoichi imediatamente começou a tossir e cuspir, com lágrimas em seus olhos.
“Agora você vai me responder. O que exatamente são vocês, ‘iluminados’? O que vocês, pessoas originalmente shinobis, estão fazendo por aqui?”.
Vendo a expressão implacável no rosto de Shikamaru, Minoichi respirou profundamente e começou a falar.
“Nós somos os ‘iluminados’ que controlam esse país. Não há nenhum Daimyou nascido aqui mais. O título de ‘iluminado’ é recebido para você que é um shinobi que abriu os olhos para os nobres ideais de Gengo-sama. Nosso objetivo é criar uma verdadeira revolução neste mundo, junto com Gengo-sama. Qualquer coisa que vocês, escórias, tramarem ou arquitetarem é inútil diante dele. Qualquer coisa que vocês escutarem de mim será incapaz de fazê-los entender a verdade desse país...!” Minoichi começou a rir, abrindo suas mandíbulas para morder sua língua em uma tentativa de suicídio.
“Pare!”
Por um momento, Shikamaru tinha certeza de que Minoichi estava morto, caído de lado depois de morder sua língua. Mas então, seus olhos conseguiram sincronizar com seu cérebro.
Em um instante, alguma coisa tinha voado em perfurado o lado do pescoço de Minoichi...
“Eu usei uma agulha com chakra paralisante nele, ele não será capaz de se mover por três dias ou mais, sabe”.
Foi Soku quem falou. Ela tinha ido parar ao lado de Shikamaru sem ele nem ao menos perceber.
“Feh, ‘iluminados’... isso soa tanto arrogante como irritante, sabe”. Soku disse, olhando para baixo, para Minoichi inconsciente.
A face do ex shinobi parecia perturbadoramente pacífica em seu sono paralisado.
————
Notas da Cacatua (inglês): * Sim, Vila da Cortina (Courtain Village), esse é realmente o nome. Eu não podia acreditar nisso. Eu gastei vinte minutos olhando para o kanji que nem existia.
* A roupa que eles vestem pode ser melhor explicada vendo ao invés de ler: http://assets4.tribesports.com/…/original/20130531234712-ha…
* Isso é um pouco complicado. Basicamente Minoichi disse "eu entendi" de um modo casual, mas Shikamaru exigiu que ele usasse algo mais formal, educado. "Senhor" (sir) foi o mais próximo que consegui chegar dessa expressão.
Notas minhas (Gabs):* Kage Mane Neck Binding no Jutsu — aqui preferi manter a forma em inglês, primeiro porque ficaria muito ridículo "jutsu de imitação das sombras e blá blá", então vou ver se os jutsus mantenho a tradução em inglês ou - se possível - até mesmo em japonês, que é mais bonitinho.
* "Mas então, seus olhos conseguiram sincronizar com seu cérebro." — original em inglês: "But then, his eyes caught up with his brain", seria algo como se os olhos dele alcançassem a sua velocidade de raciocínio, tipo como se tivesse acompanhado o que ele estava sentindo. Essa é uma daquelas frases em inglês que fica difícil achar uma tradução decente em português, eu acho rs.
sábado, 20 de maio de 2017
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário