sábado, 20 de maio de 2017

Shikamaru Hiden - capítulo 16

Por uma fração de segundos, Temari permitiu a si mesma se sentir aliviada. Ela alcançou Shikamaru a tempo.

Depois da conversa com Gaara, Temari havia ido até Konoha e questionado Naruto. O ninja loiro não tinha nenhuma resposta para ela.

Mas, assim como Temari, Naruto havia tido aquele sentimento estranho recentemente de que alguma coisa não estava certa com Shikamaru. Ino e Chouji haviam sido consultados também, e desde que esses sentimentos vagos de estranheza se tornaram uma certeza ainda maior, Naruto havia levado Temari com ele para pressionar Kakashi por respostas.

Os discursos firmes e enormes de Naruto incomodaram Kakashi de um lado, enquanto Temari solicitava que ela trouxesse reforços de Suna por outro lado. E então, eventualmente, ele cedeu.

Sob a promessa de que eles não iriam agravar a situação, os shinobis de Suna tiveram a autorização para se moverem.

Temari havia feito os acordos prévios em sua vila para que a ajuda saísse rapidamente se fosse necessário. E assim que ela conseguiu o consentimento de Kakashi, Temari enviou uma mensagem para sua vila e então começou a correr em direção ao País do Silêncio. Em sua rota, ela encontrou com o grupo de shinobis de Sunagakure que Gaara havia mandado.

No momento em que eles entraram no país, eles começaram a escolher as pessoas úteis para os interrogatórios.

Até este ponto, já haviam se passado cerca de 10 dias desde que Shikamaru havia sido mandado para o País do Silêncio. Temari estava perdendo sua presença de espírito em sua pressa, e seus interrogatórios ficaram mais severos. Em pouco tempo então, um homem que chamava a si mesmo de “Iluminado” deixou escapar que o shinobi de Konohagakure tinha sido feito prisioneiro dentro do castelo do país.

Assim que ela soube disso, o resto foi fácil.

Eles se infiltraram no castelo com um escudo de areia feito por Gaara. Temari levou sua pequena armada pelos corredores, silenciando os guardas antes que eles pudessem soar o alarme, e lentamente, eles foram furtivamente fazendo seu caminho até o grande salão. Havia sido em bom tempo também, bem quando Shikamaru estava a ponto de depositar sua lealdade a Gengo.

No momento em que Temari viu Shikamaru parecendo como se ele estivesse sido afetado pela conversa de Gengo sobre shinobis controlarem o mundo, ela perdeu todo o seu autocontrole.

Shikamaru não era o tipo de homem que se deixava influenciar por esse tipo de porcaria!

Quando Temari convocou sua vitória ao explodir as portas para dentro do local e forçou sua entrada, seu corpo não estava sendo comandado por ela. Ela havia sido alimentada por uma pura e completa fúria.

Ouvir que isso era um genjutsu a fez se sentir aliviada...

Depois de acordar, Shikamaru voltou a ser o homem que ela conhecia. Ele encarou Gengo com o nariz sangrando e seus habituais olhos preguiçosos, e apenas essa visão dele havia sido o suficiente para fazer Temari sentir como se tudo até aquele momento houvesse valido a pena.

“Você não deveria estar tão distraída neste momento”.

Havia sido o shinobi de Konoha que havia falado isso, com um sorriso mecânico em sua face. O pincel segurado em sua mão estava dando vida a incontáveis tigres e lobos por um tempo. Neste momento, ele invocou um perverso tigre branco que rosnava. De todos os animais de tinta que ele havia invocado, este parecia ser o mais cruel.

Se ela lembrava bem, o nome do homem era Sai...

O companheiro de time de Naruto e Sakura.

“Distraída? Não sou eu quem está repetindo o mesmo ataque de novo e de novo”. Temari murmurou sobre a respiração e balançou seu leque, seu corpo todo se torcendo com o movimento.

O vento de seu leque se transformou em uma doninha empunhando uma foice: Kamatari. Ele virou seu corpo junto com o vento, se movimentando em direção ao tigre e cortando sua garganta com sua foice. O tigre de Sai se desfez em um colapso em torno do chão, se tornando tinta sem vida.

“É admirável como você não tem mesmo a menor hesitação” Sai comentou.

Temari se virou para olhar de onde a sua voz havia vindo.

Sumiu!

Quando ele havia desaparecido? E onde estava?

Ela não havia nem mesmo tido tempo de seguir seus movimentos com os olhos…

“O shinobi que pode ver através do Ink Body Flicker no Jutsu... simplesmente não existe”.

Sai havia teletransportado bem atrás dela.

Ele estava definitivamente se preparando para lhe apunhalar.

Ela não ia ser capaz de se virar a tempo.

Esquerda ou direita?

“Ah dane-se!”

Ela tinha que fazer uma aposta.

Silenciosamente esperando que a lâmina não a seguisse, Temari trocou seu corpo para a direita. A garra de um tigre virou na direção dela, arranhando sua sobrancelha esquerda.

“Ingênua demais” a voz de Sai estava fria o suficiente a ponto de causar calafrios até a espinha de uma pessoa.

Quando ele havia se teletransportado na frente dela?

“Merda!”

Temari balançou seu leque em torno de seu corpo como um meio escudo. Seu leque havia sido feito sob medida de modo que seu material era forte o suficiente para desviar lâminas de ferro. Ela estava completamente protegida contra armas como kunai.

Mas...

“Guh!”

Temari desmoronou onde ela estava, com uma dor aguda perfurando através de seu abdômen.

“A manipulação de chakra... é a minha especialidade”. Sai disse com uma voz limpa e inocente. A kunai que ele estava segurando tinha perfurado em linha reta através do leque de guerra de Temari até seu estômago.

Havia algo vagamente enrolado em torno da arma, como uma névoa.

Chakra.

Ele colocou a kunai em torno de um chakra tão grosso que você poderia realmente vê-lo. A força e nitidez da lâmina deve ter tido um aumento de dez vezes mais...

“Não importa o quão duro você lute, nenhum de vocês é páreo para Gengo-sama”. Sai disse. “No fim de tudo, nós Iluminados vamos acabar controlando este mundo”.

“Isso é... realmente o que você quer?”

“Sim”. Sai deixou um sorriso pairar em seu rosto. Ele não parecia como alguém que estava sob um genjutsu. Uma fé inabalável em Gengo estava escrita por todo o rosto de Sai.

Mas...

“Bem então...” Temari disse com dificuldade. “Por que você está chorando?”

A lágrima que tinha saído do olho direito de Sai não tinha escapado da atenção de Temari.

Nas profundezas de seu coração, ele estava em conflito.

“Eu não estou chorando”. Sai grunhiu e apertou a mão em sua kunai, preparando para o golpe final.

Temari prendeu a respiração.

“PARA COM ISSO E ACORDAAAAAAAAA!”

De repente Sai foi nocauteado para longe por uma forte kunoichi. Ele foi jogado inteiramente para fora do campo de visão de Temari, a kunai que ele a golpeou no começo, agora estava tinindo no chão.

“Você está bem?” a kunoichi perguntou como se pudesse ajudar a forma desmoronada de Temari.

“Sa... Sakura?”

“Aguente firme, não fale agora” Sakura disse, “Eu vou fechar essa ferida em seu estômago”.

Chakra ficou envolto da mão da kunoichi enquanto ela gentilmente pressionava contra a abertura do ferimento de Temari. Ondas quentes de chakra gentilmente rodeavam seu estômago.

“Espera... Sai?”

“Está tudo bem, nossos companheiros estão cuidando disso”.

“Eh?” Temari se moveu para olhar na direção em que Sai tinha sido arremessado.

Alguém estava prendendo Sai para baixo, onde ele havia sido jogado por Sakura.

Gigante...

Não tinha erro. O gigante homem definitivamente era o melhor amigo de Shikamaru.

“Chouji!” Uma kunoichi de cabelos compridos gritou atrás dele, “Você precisa continuar prendendo dessa forma!”.

“Shikamaru estava em perigo, mas os shinobis de Konoha não se mobilizaram para ajudá-lo” Sakura imitou um comentário de um cidadão enquanto curava o estômago de Temari. “Seria muito irritante se esse caso acabasse assim, então...”.

Havia dois shinobis de pé atrás de Sakura, ambos cobertos de feridas.

Um era um homem de meia idade com uma cara assustadora. Outro era uma garota vários anos mais nova que Temari.

Temari rangeu os dentes contra a dor de sua ferida e se virou para falar com Sakura novamente.

“Ele está... em um genjutsu”.

“Está tudo bem”, Sakura a assegurou, “Nós já escutamos isso desses dois”.

Os dois shinobis parados atrás dela balançaram a cabeça em afirmação de suas palavras.

“Certo! Tudo preparado!” a kunoichi de cabelos compridos gritou com Chouji, estendendo as palmas das mãos.

Sai estava lutando furiosamente contra o corpo gigante de Chouji, o rosto cheio de sede de sangue. Ele estava rosnando, rangendo os dentes, a luz brilhava em seus caninos.

“Ninja art – Shintenshin no Jutsu!” A kunoichi de cabelos longos falou.

“Enquanto este jutsu da Ino funcionar, estará tudo bem”. Sakura comentou.

Chouji soltou Sai, recuando.

Sai parou em pé.

Isso foi por um instante.

Como se tivesse sido atingido por um raio, um tremor atravessou o corpo de Sai e ele parou de se mover. Diante dele, em perfeita simetria, o corpo de Ino endureceu também.

“Ah, aí está. Está tudo bem agora”. Sakura afastou lentamente sua mão.

A dor no estômago de Temari havia desaparecido completamente.

*
Ino estava mergulhando na escuridão. Cada vez mais e mais fundo.

Ela ainda não havia encontrado Sai.

Não importa quanto ela mergulhava e mergulhava, tudo o que cercava Ino era uma profunda obscuridade manchada de tinta.

Esse era Sai, afinal de contas. Ele não estava plenamente consciente de quem seu verdadeiro eu estava em uma base diária. Ele não seria encontrado facilmente.

Mas ela estava indo salvá-lo, não importa o que acontecesse...

Porque se Ino não pudesse salvar Sai, então sua vinda até ali teria sido sem sentido.

Ela desesperadamente continuou debatendo através das camadas do coração de Sai.

O Shintenshin no Jutsu podia fazer você se mover pelo corpo de alguém de acordo com sua própria vontade, e o método disso exercia sua influência até o interior do coração dessas pessoas. Durante o exame chunnin, Ino tinha claramente percebido isso quando ela e Sakura haviam lutado pelo controle do coração dela.

De volta a Konoha, ela havia lido a carta de Sai, tinha visto como sua caligrafia tinha se tornado confusa e caótica, com um sofrimento que ela não podia entender. Naquele momento, Ino sentiu o sofrimento de Sai tão intensamente que doía.

Naquele momento, Ino ainda não sabia sobre Gengo ou o genjutsu ou qualquer outra coisa, mas ela claramente pensou consigo mesmo que ela tinha que ir. É claro, ela queria ir salvar Shikamaru também, mas o gatilho para Ino começar a se mover havia sido a carta angustiada de Sai.

Sai, que estava constantemente preocupado com o vazio de seu coração, estava sofrendo mais do que ninguém sob o efeito do genjutsu de Gengo.

Não havia ninguém mais que poderia salvar Sai disso além de Ino.

E foi por isso que ela estava determinada a continuar mergulhando, não importa o qual profundo ela teria que ir.

Quando você mergulha muito profundamente no coração de outras pessoas, a primeira coisa que pode acontecer é a sua própria existência começar a desfocar lentamente.

A última coisa que pode acontecer é a sua própria consciência desaparecer completamente nessas profundezas. Uma vez que isso acontecia, não era possível voltar atrás.

Havia uma razão de Ino estar correndo tanto risco para salvar Sai.

... Ela queria falar mais com ele.

Sai que sempre deu tais sorrisos solitários, ela queria conhecê-lo mais e mais.

Não havia nenhuma maneira dela deixa-lo em um lugar escuro como esse.

Logo, Ino começou a sentir um fraco calor vindo da escuridão. Uma fraca luz...

Ela se deparou com um grande conjunto de chakras. Uma mistura de chakras de tantas pessoas…

Naruto.

Sakura.

Yamato.

Kakashi.

Todos os shinobis de Konoha estavam ali.

Era como um fogo ardente e solitário em meio a uma nevasca.

Ino mergulhou um pouco, seus olhos rodando o emaranhado gigante, procurando em meio a todos os chakras.

Ali estava ele...

Em um casulo em meio ao calor de todos estava Sai.

“Sai!” Ino alcançou desesperadamente ele. “Por aqui!”

Sai olhou para cima com o som de sua voz. Seus olhos estavam vermelhos e inchados de tanto chorar.

“Venha” Ino disse “Vamos sair daqui juntos”.

“Você é...”

Ino o alcançou, sua mão finalmente pairando firme e tranquilizadora sobre o ombro de Sai.

“Vamos lá, tudo bem?” ela disse.

Neste momento, Sai sorriu.

Ino nunca o havia visto sorrir de forma tão natural antes.

*

Ino estava respirando forte e profundamente, como se estivesse acabado de emergir na superfície de um oceano muito profundo. Ela dava grandes golfadas de ar, seu corpo desesperado por oxigênio.

A escuridão havia sido deixada para trás e agora estava em um lugar repleto de luz.

Sakura e Chouji estavam parados montando guarda sobre eles. Ino estava sentada em frente a Sai dormindo.

“Como foi lá, Ino?”

Embora tivesse ouvido a pergunta de Chouji, Ino estava muito esgotada para responder.

A cabeça de Sai estava perto do joelho de Ino. Lentamente, seus olhos se abriram.

Antes que ela percebesse quem tinha chegado primeiro, eles tinham apertado suas mãos juntas.

“Sai”.

“Você...” Sai murmurou atordoado, apertando sua mão. “Você é...”.

“Você já pode parar de se preocupar”. Lágrimas tinham começado a sair dos olhos de Ino.

“Obrigado, bela senhorita”.

“Idiota...”.

Os dois sorriram gentilmente um para o outro.

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